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O câncer de mama está cada vez mais em pauta no Brasil, o que não é surpresa devido aos alarmantes números de quase 60 mil novos casos a cada ano, com mais de 12 mil mortes, sendo uma das principais causas de óbito da mulher brasileira. Por outro lado, isso também se deve a todo o esforço e trabalho da mastologia brasileira em busca de ampliar a consciência das mulheres e autoridades, além dos constantes estudos científicos e discussões sobre o tema, como os que serão apresentados nesta semana, aqui em Curitiba, durante o maior Congresso Brasileiro de Mastologia de todos os tempos. E nesse contexto, uma questão ainda é polêmica, a mamografia. Mais que um exame, ela é fundamental para o diagnóstico precoce. Essa afirmação é baseada nas constantes pesquisas da realidade das pacientes no Brasil, mas, infelizmente, essa não é a visão de todos, o que resulta em medidas como a Portaria 1.253/2013.

A mamografia é, sim, o exame mais preciso para o diagnóstico precoce do câncer de mama

Essa portaria, de autoria do Ministério da Saúde, restringe o repasse de verbas da União aos municípios para mamografias em pacientes na faixa etária de 50 a 69 anos e prevê a mamografia unilateral, ou seja, o exame sendo realizado como forma de rastreamento em apenas uma das mamas. Um retrocesso, pois tanto a experiência do consultório quanto os inúmeros estudos e acompanhamentos realizados pelos principais mastologistas do Brasil e do exterior comprovam que a idade ideal para o início do trabalho preventivo, via mamografia, é 40 anos. Vários são os fatores que contribuem para essa conclusão, um deles o próprio estilo de vida estressante atual, alimentação, entre outros, que contribuem para a manifestação da doença cada vez mais cedo.

Em 35 anos de formação, sendo pesquisador, professor e, atualmente, presidente da Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM), posso afirmar que os dois pontos citados na portaria não se enquadram na boa prática médica e são prejudiciais à saúde da mulher. No primeiro caso, a Comissão Nacional de Mamografia, formada pela SBM, Febrasgo e CBR, é totalmente contra, já que defende o rastreamento mamográfico para todas as mulheres assintomáticas acima de 40 anos. Para aquelas pacientes que apresentarem sintomas mamários, não existe limitação quanto à faixa etária para a avaliação mamográfica, que sempre deve ser bilateral (denominada de mamografia diagnóstica).

Por mais que alguns estudos insistam em dizer o contrário, tais afirmações não são fidedignas, pois não refletem a verdade na prática. A mamografia é, sim, o exame mais preciso para o diagnóstico precoce do câncer de mama e, esse diagnóstico, é determinante para o início do tratamento e a busca pela cura. Toda a comunidade médica está ciente de que através do diagnóstico precoce as chances de cura podem chegar a 95%. Isso é fato.

Nossos mastologistas irão continuar prescrevendo a mamografia de rastreamento para pacientes acima de 40 anos. Como especialistas, temos o dever de informar os procedimentos mais seguros para a prevenção e esse exame é um instrumento importante, refletindo diretamente no diagnóstico precoce, na redução de mastectomias, diminuição de sofrimento e melhor qualidade de vida da paciente após o câncer. Vamos continuar na defesa de todas as formas de prevenção ao câncer de mama, destacando a mamografia a partir dos 40. Não abriremos mão disso.

Ruffo Freitas Júnior é presidente da Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM).
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