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Estudantes realizam prova do Enem de olho em uma vaga na universidade. | Daniel Derevecki / Gazeta do Povo
Imagem ilustrativa.| Foto: Arquivo / Gazeta do Povo

O XV Congresso Brasileiro de Educação Superior (CBESP) deste ano debateu o tema “Formação de Líderes Educacionais Inovadores”. Trata-se de uma pauta de extrema importância para o país, que precisa tomar um choque de realidade. Há muitos a serem revistos, melhorados e implementados.

Por exemplo, a proposta do governo federal de acudir o setor com recursos de financiamento, ou desenhar uma política de estímulo ao acesso, ainda está longe do ideal, mas é nítido que a discussão sobre a alfabetização de crianças pobres é prioridade da pasta, como foi no governo do atual ministro, Camilo Santana, no estado do Ceará. A experiência da alfabetização fonética, retomada no Ceará, mostrou-se muito eficiente e deve ser o primeiro projeto de governo na Educação.

Somado a isso, está claro que ainda urge na mesa um debate sobre a Reforma do Ensino Médio no que se refere ao aumento da carga horária, atendimento à individualização do aprendizado frente à falta de recursos metodológicos e tecnológicos para isso dar certo. A reforma, que começou a ser implementada no ano passado, tem sido duramente criticada, pois sem investimentos, o novo sistema, que dá ao estudante o direto de escolher quais disciplinas cursar fica capenga. Da forma que está, não estamos preparando os jovens nem para o mundo trabalho e nem para a universidade, pois faltam espaços, condições e tecnologia.

Além dos pontos já mencionados, há se de pensar em uma pauta de estado que estimule o acesso ao ensino superior e garanta a continuidade de muitas IESs (faculdades, centros universitários e universidades) dada a situação delicada da grande maioria dos principais atores do setor no aspecto econômico e financeiro. O congresso também demonstrou que é preciso trabalhar em outra frente, pois ainda há uma “demonização” do EAD e um certo desespero pela retomada do presencial, mas me pergunto qual seria o motivo desta dissonância diante de uma realidade incontestável, que é o ensino remoto.

A educação superior vive um momento de fim de bolha. Trata-se de um mercado que tem quase 30 milhões de vagas ofertadas e somente 2,5 milhões de novos ingressantes por ano. Perde-se, em média, por evasão, 30% dos ingressantes por ano e por letargia e falta de vínculo com a realidade, não vislumbro um cenário positivo neste sentido. Perdemos a grande oportunidade de estimular novas soluções para o setor e de ouvir do mercado o que se espera dos graduados.

É preciso investir na tecnologia para se ter uma EAD de qualidade, rever os modelos de ensino para que fiquem atrativos e faça sentido para os jovens, investir em estruturas e conhecimento para que a Reforma do Ensino Médio estimule os alunos a permanecerem na escola e investimentos para que se possa acabar com o analfabetismo de crianças, principalmente em regiões periféricas. Turmas com excesso de alunos, falta de motivação e de segurança e aprovação automática são algumas das principais dificuldades apontadas pela comunidade escolar, sendo que as periferias possuem um cenário ainda mais delicado. É o que aponta a pesquisa inédita Ouvindo a comunidade escolar: Desafios e demandas da educação Pública de São Paulo, realizada pelo Instituto Locomotiva a pedido do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp). Os dados ainda mostram que 9 em cada 10 estudantes, professores e familiares concordam que o governo estadual deveria investir mais em educação.

É preciso mudar esse quadro. A educação é o melhor investimento que um país pode oferecer à população. Trata-se de ferramenta de mudança, de melhoria e de avanço. Sem isso, estamos fadados ao atraso, pobreza e um cenário onde jovens não poderão ocupar espaços no mundo do trabalho por falta de competências essenciais.

César Silva é diretor-presidente da Fundação de Apoio à Tecnologia (FAT).

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