• Carregando...
 | /Wikimedia Commons
| Foto: /Wikimedia Commons

A democracia brasileira está de joelhos para o contrabando de interesses escusos. O bem público foi sequestrado pelo egoísmo corporativo ou setorial; a honra das instituições cedeu espaço para o tráfico de influência, negociatas e corrupção. Sim, a ética cala, mas a indecência fala com vontade. Tudo feito num clima de absoluta impunidade política. Aliás, a desfaçatez é tamanha que canalhas inveterados tem a reeleição praticamente garantida pela vergonhosa apropriação de bilionários recursos do fundo partidário. Leia-se, aqui, recursos do povo, geridos sem transparência e igualdade pelos alegóricos partidos políticos nacionais.

Apesar da grave eloquência, a realidade insiste em não mudar. Infelizmente, os parlamentos viraram as costas aos cidadãos, deixando de debater assuntos e matérias urgentes à retomada do crescimento brasileiro. Nossa democracia virou uma tirania de minorias, tornando nosso sistema representativo uma sonora mentira política. No ocaso partidário, faltam-nos líderes autênticos. Por consequência, os problemas se avolumam, enquanto os mais capazes insistem em se omitir dos deveres da vida pública responsável. E, assim, o Brasil honesto vai perdendo suas esperanças de um futuro melhor.

A decadência institucional brasileira atinge os últimos estágios da desintegração

A decadência institucional brasileira atinge os últimos estágios da desintegração. Não se trata de alarmismo, mas de respeito aos fatos. Somos um país quebrado, embora tenhamos uma arrecadação fiscal astronômica. Pagamos tributos em cascata para recebermos serviços públicos a conta gotas. A insanidade do gasto público irresponsável tem que terminar. É preciso seriedade na gestão do dinheiro do povo.

Não podemos mais viver a ilusão de que o Estado pode tudo; não pode. Tanto é verdade que muitos entes federados sequer dispõem de recursos para pagar professores, policiais e aposentados em dia. Ou seja, nosso modelo de Estado é falido. Nossos governos gastam muito e gastam mal. O resultado está aí: não há mais dinheiro para investir em segurança, educação e infraestrutura.

A realidade está posta: nossas ideias políticas envelheceram. Não adianta querer viver um tempo que não existe mais. Sim, senhoras e senhores, o estatismo morreu. O deus-Estado perdeu a fé. Precisamos de novos ritos e orações. Em vez da prisão estatista, precisamos libertar as pessoas para produzirem, crescerem, gerarem negócios, oportunidades, empregos, enfim, se desenvolverem humana, material e politicamente. Logo, é preciso dar um fim nas lógicas do atraso e do subdesenvolvimento.

Leia também: A morte do pai e a morte da pátria (artigo de Rafael Salvi, publicado em 12 de agosto de 2018)

Leia também: A má qualidade das leis (editorial de 23 de agosto de 2018)

O diagnóstico é certo e determinado: somente venceremos a pobreza gerando riqueza e crescimento econômico. Então, precisamos estancar a sangria do gasto público, abrindo a economia nacional a novos negócios e mais largos investimentos externos. Precisamos de menos burocracia, mais transparência pública, maior clareza legislativa e ampla liberdade negocial. É hora de mudarmos o chipe mental dos brasileiros: ao invés da dependência estatal, temos que proporcionar a todos os cidadãos a oportunidade de serem livres, prosperarem e conscientemente ajudarem a construir uma grande nação. Hora, portanto, de sair da inércia e fazer a diferença por um Brasil melhor.

Sebastião Ventura Pereira da Paixão Jr., advogado, vice-presidente da Federasul e conselheiro do Instituto Millenium.
0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]