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Mais que ensinar matérias e preparar alunos para o vestibular, escolas têm buscado oferecer formação completa. Isso inclui incutir padrões morais, incentivar a criatividade, acolher e tratar as diferenças e oferecer um ambiente propício para formar um cidadão de bem. Mas formar cidadãos conscientes, completos, responsáveis e autônomos não é uma tarefa simples.

Acredito que o primeiro olhar deve ser sempre para a criança, sua individualidade e suas características próprias. Respeitá-las e entendê-las como seres humanos únicos é essencial para o professor exercer seu papel no aprendizado de cada aluno. Mais do que oferecer um método, propomos uma maneira de olhar a criança de outra forma. Acreditamos que a criança é um ser humano complexo, com diversos aspectos integrados que necessitam de incentivo para se desenvolverem. Dentro desse contexto, a criança fica livre para explorar, motivada a fazer sozinha as suas descobertas. Oferecemos a liberdade para tentar, errar e aprender.

O professor precisa deixar o aluno livre para realizar atividades no seu próprio tempo. Isso é próprio da metodologia montessoriana, em que a criança sabe que precisa cumprir determinadas tarefas distribuídas ao longo do ano. Aqui não é necessário campainha, nem chamada porque todos sabem quais são suas responsabilidades, de quais tarefas devem dar conta. E isso não pode ser confundido com libertinagem, pois há uma diretriz clara para o respeito e a ordem dentro da escola.

Nesse contexto, o professor está ali para auxiliar no que for necessário, não para interferir no processo. Ele atua como um sinaleiro, ou seja, o verde, vermelho e amarelo para dizer se o aluno está cumprindo bem as tarefas e se vai dar conta delas. Ele é o orientador, alguém que fala pouco, mas caminha e orienta mais.

Ainda dentro da metodologia Montessori, o professor precisa ter comprometimento e se portar da mesma maneira que se espera dos alunos: com responsabilidade. Para que eles sejam capacitados, realizamos reuniões de formação semanais nas quais falamos sobre a filosofia de educação adotada pela instituição e sobre as formas de trabalhar com as crianças para incentivar a sua liberdade ao aprender. Nessas reuniões, nós explicamos a filosofia do método e o porquê de sua utilização. Dizemos para os professores que nossos alunos têm de agir para compreender. Não basta apenas transmitir o conteúdo. Os alunos devem ser incentivados a ter autonomia e a construir o seu próprio conhecimento.

Vivemos numa sociedade imediatista, que exige avanços rápidos. Aqui vamos na contramão, e isso exige uma mudança de cultura. Mas vale a pena seguir este caminho, pois temos visto gerações sendo formadas de uma maneira diferente.

Irmã Maria Cristina é diretora do Colégio Sion de Curitiba.

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