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| Foto: Daniel Caron/Gazeta do Povo

As negociações e articulações compõem a base da política. É por meio dessas manifestações que as lideranças e os partidos elegem seus candidatos a cada eleição. Mas, paralelamente, no sistema complexo e já ultrapassado que ocorre na política brasileira, é preciso evitar que essas articulações se transformem num vaivém de interesses pessoais ao qual a sociedade apenas assiste, entre a perplexidade e a expectativa.

Enquanto o debate sobre a sucessão presidencial está cercado por um mar de dificuldades e dúvidas, aqui no Paraná estamos entrando no prazo limítrofe do pós-carnaval – data extra oficial que se impôs como marco, ao modo brasileiro, para que, ao início de cada ano no qual ocorrem eleições, tenhamos o quadro político minimamente delineado, senão completo, pelo menos estabilizado.

Temos pré-candidatos de tradição na política do estado, como o ex-senador Osmar Dias e o ex-governador Roberto Requião. E novas lideranças que vêm se destacando, como o deputado Ratinho Jr. e a vice-governadora Cida Borghetti, além do prefeito de Guarapuava, Cesar Silvestri Filho. São nomes que representam um amplo espectro da sociedade paranaense na disputa ao governo.

A nossa sociedade carece de informações básicas sobre temas fundamentais

Diante do atual contexto, cabe ao governador Beto Richa anunciar sua decisão sobre o próprio futuro político – se termina o mandato que recebeu do povo do Paraná nas urnas, ou se disputa uma vaga no Senado, seguindo a tradição de outros antecessores, como seu pai, José Richa, e o já citado Requião. Ao tornar pública sua decisão, o governador deixará o caminho aberto para as novas composições políticas e facilitará a formação das chapas que vão disputar o governo.

O Paraná segue em suspenso, esperando que as decisões sejam tomadas após as reflexões maduras e análises de cada grupo político. É um período rico, de fato, em termos de articulações. Mas requer, também, que cada pré-candidato vá esboçando e expondo à sociedade o projeto que idealiza para o Paraná, a fim de atrair o voto popular.

A nossa sociedade carece de informações básicas sobre temas fundamentais como a questão do pedágio, cujos contratos de concessão se encerram durante a próxima gestão; os projetos para equacionar nossos gargalos de transporte, tanto rodoviários como ferroviários; os graves problemas da segurança; e os investimentos na educação e na saúde.

Leia também: Pedágios: é hora de olhar para o futuro (artigo de Edson Campagnolo, publicado em 4 de março de 2018)

Leia também: O olhar dos agentes penitenciários sobre o sistema carcerário do Paraná (artigo de Petruska Sviercoski, publicado em 5 de fevereiro de 2018)

Para os empresários paranaenses, em particular, encurralados de um lado pela crise brasileira e por outro pelo aumento de impostos que atingiu a todos, dos micro aos grandes grupos, é importante que cada candidato estabeleça, com clareza, como vai retomar o caminho do crescimento do estado. E, nesse caminho, se a sociedade poderá contar com a tão esperada e necessária reforma administrativa, com um drástico enxugamento da máquina pública que permita uma reforma tributária como condição fundamental para consolidação do nosso desenvolvimento.

O comprometimento com o projeto de cada candidato, portanto, se faz agora, quando se estabelecem as coligações e uniões partidárias. Sem esses compromissos, estaremos fadados a assistir a mais uma campanha eleitoral voltada apenas para o resultado das urnas, o que pressupõe um governo de incógnitas e dúvidas. E nada é mais lamentável para uma sociedade, em todos os seus níveis, do que a insegurança quanto ao seu futuro próximo.

Até abril, pelo menos no Paraná, cada pré-candidato tem a grande oportunidade de montar suas chapas e formar coligações em torno de bons projetos para o futuro. É o que os paranaenses aguardam.

Marcos Domakoski, ex-presidente da Associação Comercial do Paraná, é presidente do Movimento Pró-Paraná.
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