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Eles virão de todos os lugares, deixarão seus afazeres e famílias, enfrentarão riscos e desconfortos, em nome de uma causa humanitária para a qual nem sequer foram convocados

No dia 5 de dezembro o mundo comemora o Dia Internacional do Voluntariado. A data foi instituída em 1985 pela Organização das Nações Unidas (ONU). As ações voluntárias já são reconhecidas há mais de 30 anos, mas sabemos que ainda há muito que fazer. É tempo de olhar o voluntário não apenas como "um braço a mais", mas também como a enorme força que representa. Se agregarmos planejamento e organização à disposição das pessoas, a partir do repertório de experiências e conhecimentos já acumulados, é possível fazer muito mais.

Podemos citar a atuação voluntária em situações de desastres naturais. Em Santa Catarina, Alagoas, na região serrana do Rio de Janeiro e em muitos locais fora do Brasil, a cada tragédia – inevitavelmente – o noticiário mostrará nos dias subsequentes, a mobilização de voluntários. Eles virão de todos os lugares, deixarão seus afazeres e famílias, enfrentarão riscos e desconfortos, em nome de uma causa humanitária para a qual nem sequer foram convocados.

A energia do voluntariado faz toda a diferença nessas horas, inclusive para levantar antes as demandas das comunidades a serem atendidas. Basta pensar na diferença entre um galpão lotado de doações misturadas e nem sempre imprescindíveis e outro com kits já preparados para populações com demandas diferentes – ora remédios, roupas, alimentos ou recursos de reconstrução.

Bom exemplo de como orientar a população e os voluntários foi dado pelo Instituto Comunitário Grande Florianópolis (Icom) e pelo Instituto Voluntários em Ação, de Florianópolis (SC). Depois das últimas grandes enchentes ocorridas na região, as instituições produziram uma publicação educativa que evidencia uma tecnologia social consolidada de enfrentamento a desastres, com recomendações básicas, orientação dos voluntários e considerações propositivas para as instituições públicas.

Do mesmo modo, as empresas e seus eventuais institutos e fundações podem agir com maior eficácia a partir de um plano prévio de ação, aproveitando sua estrutura e experiência de gestão. Se investirmos em protocolos de ação que se antecipem aos eventos – por exemplo, na gestão da informação e redes de contato, englobando Defesa Civil, Corpo de Bombeiros, Conselhos de Direitos, além de pontos focais nas próprias empresas –, podemos afirmar mais efetividade às ações.

No início de 2011, durante a tragédia da região serrana do Rio de Janeiro, o Conselho Brasileiro de Voluntariado Empresarial (CBVE) articulou ações de uma dezena de empresas em conjunto com a Secretaria Estadual de Assistência Social do Rio de Janeiro. Foi possível identificar a necessidade de itens prioritários, muitas vezes esquecidos – como fósforos, velas, algodão –, bem como definir mecanismos para as doações em dinheiro.

Da mesma forma, um grupo de empresas agora se organiza para pensar formas do CBVE atuar em situações emergenciais, tendo como presente a importância da continuidade das ações após os primeiros momentos da crise. É preciso um esforço intencional para evitar a desmobilização, permitindo as ações de reconstrução do aparato físico e dos sistemas de proteção social.

Na estruturação desse novo patamar, por fim, há uma nova perspectiva da ação, que ultrapassa a esfera individual para ganhar o conceito de rede – uma rede tecida pelas competências do poder público, da sociedade civil e empresariado. Afinal, na vida democrática, a sociedade tem um papel protagonista e deve participar também da construção de uma estratégia de ação que minimize riscos que, cada vez mais, dizem respeito a todos nós.

Carla Sattler é gerente da área Mobilização Social do Instituto C&A.

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