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Naturalmente, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva enfrenta dificuldades crescentes para reverter tendências negativas que comprometem suas chances de reeleição em 2026. Nossa análise que avalia o desempenho do governo nos últimos dois anos e suas perspectivas futuras, indica que o tempo para uma reversão se esgotou.
Imagine o cenário político brasileiro como um grande jogo de xadrez, onde cada movimento do governo pode ser uma jogada decisiva para se livrar da derrota. Aqui, usando ciência de dados e análise estratégica, apresentamos duas abordagens complementares – uma quantitativa, baseada em números e tendências, e outra qualitativa, que pesa fatores humanos e sociais – para entender por que o caminho para um novo mandato parece tão íngreme e intransponível.
O cenário projetado é de que o governo Lula encontrará grandes dificuldades em viabilizar a reeleição. A tendência mais provável é que ele chegue ao segundo turno e seja derrotado por um candidato de centro, centro-direita ou direita
Primeiramente, construímos um índice que mede uma possível evolução da capacidade de reeleição do governo, a partir do monitoramento dos movimentos nos últimos dois anos. A curva mostra queda consistente do indicador, aproximando-se de patamares considerados baixos indicando caminho de derrota. A projeção indica que, para alcançar o patamar mínimo de 1.333 pontos – necessário para viabilizar uma reeleição –, o governo Lula precisaria de pelo menos 14 meses de crescimento constante, sustentado por ações assertivas.
Esse “relógio eleitoral” coloca o governo em uma encruzilhada: como crescer eleitoralmente em menos tempo do que o necessário? A resposta, até aqui, parece não estar sendo encontrada, já que os erros de gestão e a dificuldade de articulação política seguem corroendo a confiança em clusters chave do eleitorado. É como um corredor que precisa acelerar exponencialmente para cruzar a linha de chegada, mas já está exausto após erros acumulados nos últimos dois anos, como por exemplos, as falhas em negociações no Congresso e respostas lentas a instabilidade econômica.
Outra dimensão importante é a análise regional. O desempenho de Lula apresenta grandes disparidades pelo país. No Nordeste, permanece sua principal base de apoio, sustentada por histórico eleitoral favorável e políticas sociais que garantem fidelidade ao candidato, onde o indicador já tem a pontuação mínima necessária de 1.333 pontos. No entanto, nas demais regiões o cenário é muito mais desafiador. Especificamente, no Sudeste e no Sul, concentra-se a maior dificuldade para a reeleição de Lula, com tendência de perda significativa de votos, devido o indicador apresentar 887 e 744 pontos, respectivamente. Essa assimetria indica que o peso do Nordeste, embora importante, dificilmente será suficiente para compensar a soma negativa no Sudeste e Sul, inviabilizando a reeleição.
O segundo modelo que criamos, usando nossa experiência em metodologia de pesquisas e análise estratégica em diversas campanhas eleitorais, tem uma busca conceitual de quantificar aspectos qualitativos identificados como muito importantes para as campanhas. Sendo assim, avaliamos algumas variáveis políticas, econômicas e sociais, chegando a um indicador que pode variar numa escala de -1.000pontos, totalmente negativo, a +1.000 pontos, totalmente positivo. Lula hoje soma -510 pontos, um reflexo dos erros de gestão e da movimentação política que provocam a percepção negativa de amplos setores da sociedade. O ideal seria uma pontuação positiva expressiva – cenário considerado improvável diante das circunstâncias que se desenha, para as variáveis definidas, até o próximo ano.
Entre os fatores que mais pesam negativamente estão: as dificuldades políticas de negociação no Congresso, avaliadas em -140 pontos; o desempenho econômico marcado por inflação, em virtude do aumento desenfreado dos preços e ausência de políticas eficazes, também com -140 pontos; a percepção de instabilidade administrativa, apresenta um indicador menos intenso, mas ainda negativo, de -50 pontos; a opinião pública desfavorável, em -60 pontos; e o desgaste da imagem pessoal do presidente, somado ao impacto da imagem da primeira-dama, que embora agrade seus seguidores fiéis, impacta negativamente a parcela neutra da população, que resulta em -120 pontos. Esses componentes, somados, explicam a marca de -510 pontos e reforçam o prognóstico de que não há sinais concretos de recuperação do governo nos próximos 12 meses para reverter a pontuação negativa.
Em nossa análise estratégica sobre as chances de reeleição de Lula, dentro dos aspectos qualitativos, com uma maior pulverização do acesso da população à informação, mais nítidos se tornam os problemas da gestão e maior é o desgaste político. Essa ampliação da popularização da informação tem colocado em xeque o poder de mídia dos grandes meios, quem vem perdendo credibilidade nos últimos anos, vai tornando mais difícil para o governo reverter a percepção negativa.
Combinando os dois modelos – quantitativo e qualitativo –, a projeção é clara: a reeleição de Lula encontra barreiras quase intransponíveis. O cenário projetado é de que o governo Lula encontrará grandes dificuldades em viabilizar a reeleição. A tendência mais provável é que ele chegue ao segundo turno e seja derrotado por um candidato de centro, centro-direita ou direita. A projeção sugere ainda que a diferença de votos, a depender do opositor e das estratégias adotadas, pode ultrapassar a marca de 10 milhões de votos, configurando uma derrota expressiva.
Com 17 anos coordenando pesquisas, minerando de dados, fazendo análises políticas e estratégias para dezenas de campanhas em diversos níveis, nossa análise não se trata de adivinhação, mas de ciência de dados aplicada ao comportamento eleitoral. Ao unir números, tendências e análises qualitativas, nossa previsão apresentou que o desafio não está apenas no campo político, mas também na matemática do tempo: há menos meses disponíveis do que seriam necessários para reverter o cenário. Sendo assim, Lula perderá a eleição em 2026!
Pedro Coelho, doutor em Recursos Naturais, mestre em Estatística e graduado em Matemática, é consultor do Grupo 6 Sigma.
Conteúdo editado por: Jocelaine Santos



