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Em tempo de crise econômica, política e moral, é comum fazer reflexões sobre os problemas que levam a ela, e sobre o que se almeja para o futuro. É certo que se pretendem mudanças, e que essas mudanças tornem a vida melhor, com mais qualidade e desenvolvimento.

Em um mundo onde as decisões foram dominadas pelos homens, hoje, com a presença da mulher no mercado do trabalho e na liderança da família, surge a pergunta: o que as mulheres desejam para o futuro?

Este questionamento não é por acaso; na verdade, é fruto de estudo de uma série de relatórios e protocolos desenvolvidos pela Organização das Nações Unidas, que colocam a mulher como agente transformador de desenvolvimento e de superação. Tanto é verdade que, em 2000, a ONU, ao analisar os maiores problemas mundiais, estabeleceu oito Objetivos do Milênio, que devem ser atingidos por todos os países até 2015. Entre os objetivos está a igualdade de gênero, a fim de que as mulheres e meninas ao redor do mundo tenham o direito a uma vida livre de discriminação, violência e pobreza, e de que a igualdade de gênero seja a razão principal para se alcançar o desenvolvimento.

O princípio da igualdade é tratado como uma questão de desenvolvimento, razão pela qual o Banco Mundial já declarou que não se atingirá o desenvolvimento sustentável – ou seja, aquele crescimento que se manterá de geração em geração – sem passar pelo reconhecimento do relevante papel social, econômico e político da mulher.

Por isso, a atual agenda mundial aposta no potencial único da mulher e reconhece que o papel que hoje ela assume na família e na sociedade merece ações específicas de valorização, dentre elas a de reduzir o trabalho de cuidado que realizam sem remuneração, dividindo-o de modo equitativo entre homem, mulher e instituições. Também recomenda a garantia total e equitativa de mulheres e meninas à educação, sem deixar de assegurar a todas o mesmo acesso ao trabalho e salários do que os homens – isso porque dados do IBGE ainda demonstram que as mulheres recebem, em média, 72,3% da remuneração recebida pelos homens. Em cargos de gestão os dados são mais alarmantes. No Brasil, são 9% de mulheres em cargos de direção.

Portanto, as mulheres do século 21 desejam um novo mundo de respeito, reconhecendo o valor de cada um na sociedade. Desejam que o trabalho desempenhado seja reconhecido, independentemente de gênero, pois é sobre ele que se ergue uma nação. Desejam viver sem violência, sem pobreza e com respeito ao planeta. E isso somente se dará por meio da educação e respeito às diferenças. É para isso que todos são chamados, sob pena de perdemos o rumo da história.

Daniela Ballão Ernlund, advogada e mestre em Direito Internacional e Direito Comparado pela Universidade de Pittsburgh (EUA), é conselheira estadual e presidente da Comissão da Mulher Advogada da OAB-PR. O articulista Alberto Dines está em férias e volta a escrever neste espaço em 4 de outubro.

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