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Fachada do Palácio Iguaçu.
Fachada do Palácio Iguaçu.| Foto: Lineu Filho/Tribuna do Paraná

O blockchain está passando a fazer parte da vida das pessoas e das empresas. Muitos dizem que se trata da maior revolução no âmbito da tecnologia da informação desde o advento da Internet.

Antes de breve explicação sobre o que é o blockchain, seguem algumas considerações técnicas:

A utilização do celular tem sido crescente na sociedade. As pessoas conhecem e sabem bem como utilizar suas funcionalidades: câmera fotográfica, GPS, redes sociais, aplicativos diversos, além da telefonia em si. Essa é a chamada “camada de aplicação”. Um número bem mais reduzido de pessoas conhece o real funcionamento de um celular: protocolos de comunicação sem fio, ondas eletromagnéticas, a maneira como os aplicativos são produzidos. Essa é a chamada “camada de implementação”, bem conhecida pelos técnicos especializados. Na verdade, a maior parte dos usuários não precisa conhecer a camada de implementação, apenas a de aplicação.

Para passar ao próximo tópico, uma palavra sobre software. software é um programa ‒ aplicativo ou sistema operacional ‒ que um computador pode executar, diferente de hardware, que é o próprio computador.

O blockchain garante a integridade dos sistemas, com potencial para beneficiar todos os setores econômicos

Há dois tipos principais de arquitetura de software: os sistemas “centralizados”, nos quais os componentes estão localizados em torno de um componente central e conectados a ele; e os sistemas “distribuídos”, compostos por uma série de computadores independentes que cooperam uns com os outros, utilizando um meio de comunicação a fim de alcançar um fim específico, sem que haja um elemento centralizado para controle ou coordenação. Os sistemas distribuídos permitem maior capacidade de processamento, redução de custos, mais confiabilidade e capacidade de expandir-se naturalmente (a capacidade de processamento de um sistema distribuído é o resultado da capacidade de processamento agregada de seus constituintes).

A “integridade” é um importante aspecto funcional de qualquer sistema de software. A integridade de dados garante que eles sejam usados e mantidos pelo sistema de forma completa, correta e livre de contradições. A integridade comportamental faz com que o sistema tenha desempenho conforme o esperado e esteja livre de erros de lógica. A segurança garante que o sistema seja capaz de restringir o acesso aos dados e as suas funcionalidades somente aos usuários autorizados. Assim, embora a integridade faça parte da camada de implementação, ela afeta a camada de aplicação, pois diz respeito aos usuários: a maioria das falhas de software — como perda de dados, comportamento sem lógica ou estranhos acessando dados privados de uma pessoa — resulta de violação da integridade do sistema.

Sistemas ponto a ponto são sistemas de software distribuídos, formados por computadores individuais que disponibilizam seus recursos computacionais diretamente a outros. A vantagem desses sistemas é que eles permitem que os usuários interajam diretamente, em vez de fazê-lo via intermediários. Sistemas ponto a ponto aumentam a velocidade de processamento e reduzem custos. À medida que a digitalização continuar evoluindo, mais aspectos da nossa vida e um volume maior de bens e serviços se tornarão imateriais e se beneficiarão das vantagens dos sistemas ponto a ponto.

O grande entusiasmo com o blockchain baseia-se em sua capacidade de servir como ferramenta para prover e manter a integridade de sistemas ponto a ponto puramente distribuídos, os quais têm o potencial para provocar mudanças em mercados inteiros em vista da desintermediação, com inúmeros benefícios para a camada de aplicação.

Leia também: Tecnologia blockchain deve impulsionar o comércio exterior (artigo de Kleber Fontes, publicado em 16 de junho de 2018)

Leia também: Tecnologia e sua vitalidade para o futuro das cidades (artigo de Amilto Francisquevis, publicado em 5 de novembro de 2018)

No blockchain, as atualizações de dados constituem novos elos na cadeia (armazenados sob a forma de equações), sem que se apaguem os que já existem. Tentativas de alterar a cadeia existente são ignoradas, visto que não se alinham com as cópias armazenadas em outros computadores da rede, e qualquer participante pode confirmar a autenticidade da cadeia, ao verificar a coerência entre as equações que formam tais elos. Essa tecnologia, chamada por alguns de “a Internet do futuro”, garante a integridade dos sistemas, com potencial para beneficiar todos os setores econômicos.

O Paraná é um dos estados mais bem providos em termos de ensino superior: possui uma rede de universidades federais, estaduais e particulares, presentes em todas as suas regiões. Além disso, abriga importantes institutos de pesquisa e grandes empresas, que possuem departamentos de pesquisa, desenvolvimento e inovação. Essa vultosa rede de produção de conhecimento constitui o ambiente adequado para que o Paraná se consolide como “o estado do blockchain”.

Cabe às forças vivas da sociedade desenhar um programa organizado e bem estruturado para que isso ocorra, com a disponibilização de recursos financeiros para realizar projetos utilizando blockchain e proporcionar bolsas, auxílios e subvenções com vistas a consolidar esse intento.

Marcos de Lacerda Pessoa, mestre, Ph.D. e pós-doutor em Engenharia, é membro da diretoria do Centro de Letras do Paraná, autor do livro Sementeira de Inovação, organizador e editor do livro Pinceladas de Inovação, proprietário do centro de apoio à inovação futuri9.com e da aceleradora de projetos de energia Octane.

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