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 | Antônio More/Arquivo Gazeta do Povo
| Foto: Antônio More/Arquivo Gazeta do Povo

O que poderia ter evitado a recente greve dos caminhoneiros? Somente o não aumento do preço do diesel? E se novas fontes de energia tivessem sido consideradas? Esta “crise” demonstrou, claramente, que a dependência de um único modal de transporte, baseado em um combustível fóssil, não é a melhor estratégia para garantir o abastecimento da população. Dados apresentados pela Coordenação de Biocombustíveis do Mistério de Minas e Energia mostram que o Brasil gastou US$ 51 bilhões em importações de combustíveis fósseis nos últimos anos. Toda essa movimentação gera uma carga tributária elevada, principalmente para o diesel. Uma alternativa para minimizar esses custos poderia ser o biometano.

O biometano é o resultado do processo de purificação do biogás até características similares ao do gás natural. Este processo permite que passivos ambientais se transformem em ativos energéticos. O Brasil é o país com maior potencial produtor de energia elétrica por biogás e biometano do mundo, sendo que três setores econômicos são considerados os principais responsáveis pelo potencial desperdiçado no país: o setor sucroenergético, com 39 bilhões de metros cúbicos ao ano; o setor da produção de alimentos, com 9 bilhões de m3/ano; e o setor do saneamento básico, com 4 bilhões de m3/ano.

O biogás é mais vantajoso financeiramente e promove preservação ambiental

Somente no segmento, o Brasil apresenta, atualmente, um potencial de produção de biometano de 78 milhões de metros cúbicos por dia com resíduos desperdiçados, o suficiente para substituir 44% do óleo diesel consumido no país, com potencial de redução de 74% das emissões deste combustível. Tudo com produção nacional, descentralizada, com alto porcentual de conteúdo local no processo produtivo e a preços competitivos.

Além da alta competitividade financeira, os biocombustíveis têm sido amplamente incentivados em todo o mundo por seu serviço socioeconômico, uma vez que permitem ganho de eficiência energética com economia circular, através da geração próxima ao consumo, tratamento de resíduos e geração de renda no campo, reduzindo o êxodo rural. Até 2030 o setor irá chegar a uma produção de 32 milhões de metros cúbicos por dia de biometano, com um investimento de R$ 15 bilhões, evitando a emissão de 146 milhões de toneladas de CO2 no período.

Leia também: As Nações Unidas e as fontes de energia renováveis (artigo de Cícero Bley Jr., publicado em 11 de outubro de 2015)

Leia também: Boas práticas no setor de energia elétrica (artigo de Pierre Moreau, publicado em 29 de fevereiro de 2016)

A redução das emissões de carbono é um assunto que está em destaque no mundo. No Brasil não é diferente. Em 2015, o país apresentou suas Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDC) ao Acordo de Paris e, no último Dia Mundial do Meio Ambiente, comemorado em 5 de junho, aprovou novas metas de redução de emissão de gás carbônico no âmbito da nova Política Nacional de Biocombustíveis (RenovaBio), que tem como objetivo promover uma descarbonização gradual da matriz de combustíveis.

A inserção crescente do biogás e do biometano na matriz energética brasileira é uma das principais formas de promover sustentabilidade com redução de emissões, em paralelo ao desenvolvimento dos diversos segmentos envolvidos em sua produção, regulamentação e utilização, levando em conta a previsibilidade de custos para a sua expansão e o tipo de fonte a ser expandida. Não é apenas mais vantajoso financeiramente, é uma solução integrada de energia que promove preservação ambiental e muito mais eficiência no uso dos recursos naturais.

Alessandro Gardemann é presidente da Associação Brasileira de Biogás e de Biometano.
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