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Qual é a realidade dos cristãos no Oriente Médio?

Peregrinos cristãos ortodoxos seguram cruzes durante uma procissão da Sexta-Feira Santa ao longo da Via Dolorosa, na Cidade Velha de Jerusalém, em direção à Igreja do Santo Sepulcro (Foto: EFE/EPA/ATEF SAFADI)

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No mês passado, um homem-bomba ligado a um grupo radical islâmico explodiu uma igreja em Damasco, na Síria, matando 25 cristãos e ferindo cerca de 50. O episódio traz à tona uma realidade inconveniente que muitos ignoram ou tentam negar: em muitos lugares, os cristãos ainda são uma minoria perseguida e que necessita de proteção, principalmente no Oriente Médio.

Enquanto o noticiário internacional volta seus olhos para a escalada das tensões entre Israel e o Irã ou para a triste realidade da guerra contra o Hamas na Faixa de Gaza, que já dura quase dois anos, as minorias religiosas nesses lugares continuam invisibilizadas – ou lembradas apenas quando convém, a depender do viés ideológico.

Em um país como o Brasil, no qual o cristianismo é maioria e uma importante força política, não podemos nos esquecer que a liberdade religiosa ainda é artigo de luxo em muitos lugares do mundo

Nos últimos dias, falou-se muito mais, por exemplo, sobre o apoio evangélico a Israel, manifestado nas bandeiras do Estado judeu presentes na Marcha Para Jesus, em São Paulo (SP), do que nos cristãos iranianos, vítimas de um regime atroz que pune em até 13 anos de prisão quem for pego com uma Bíblia e proíbe conversões ao cristianismo.

Em meio à polarização recente, críticos de Israel buscam casos isolados de preconceito anticristão por parte de radicais judeus em Jerusalém para ressuscitar antigos tropos antissemitas, como a mentira de que os judeus são responsáveis pela morte de Jesus. Por outro lado, alguns cristãos sionistas praticamente ignoram a existência de populações cristãs na Faixa de Gaza e na Cisjordânia, presas no fogo cruzado do conflito israelo-palestino.

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No Irã, país que, segundo a Missão Portas Abertas, é o 9º mais repressor ao cristianismo, cristãos locais expressaram medo e preocupação durante os doze dias de guerra. Eles relataram que, embora os bombardeios israelenses fossem direcionados a alvos militares, em guerras, erros acontecem e por isso temiam. De fato, acontecem e, pelo menos um cristão, de origem muçulmana, acabou morrendo. Paralelamente, mesmo em meio ao conflito, a repressão governamental anticristã no Irã seguiu firme, com muitos deles relatando o temor de serem presos, acusados falsamente de serem espiões ocidentais.

Em um país como o Brasil, no qual o cristianismo é maioria e uma importante força política, não podemos nos esquecer que a liberdade religiosa ainda é artigo de luxo em muitos lugares do mundo, sobretudo em períodos de guerra.

Igor Sabino é doutor em Ciência Política, com foco em religião e política internacional autor do livro “Jesus, um judeu”.

Conteúdo editado por: Jocelaine Santos

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