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| Foto: Marcelo Andrade/Gazeta do Povo

Robert Kiyosaki, investidor e escritor, nos alerta para a importância de sermos previdentes em assuntos de finanças pessoais. Ele lembra que “quando a lei muda, o futuro muda”. Kiyosaki era especialmente preocupado com uma lei federal promulgada em 1974, nos Estados Unidos, conhecida como Employee Retirement Income Security Act (“Lei de Garantia de Renda ao Trabalhador Aposentado” – Erisa, na sigla em inglês), que reformou a previdência privada norte-americana. Dizia-se na época que a maioria das pessoas nem tomou conhecimento da nova lei e que seus efeitos seriam sentidos nas décadas seguintes, quando milhões de pessoas iriam se dar conta de que sua aposentadoria sumiu pelo ralo da falência do sistema.

Um provérbio popular diz que, quando uma tempestade se forma em alto mar, o otimista acha que ela vai passar, o pessimista acredita que todos morrerão, o realista ajusta as velas. Pois temos várias tempestades financeiras se formando que vão mudar o futuro de todos nós. A cada vez que muda a lei da Previdência Social, a lei tributária e as leis financeiras, o futuro passa a ser outro. Ser otimista não é prudente. Ser pessimista não é útil. A atitude certa é ser realista e ajustar as velas de sua vida financeira.

O primeiro passo é conhecer as mudanças. Se você não souber o que mudou nas leis que afetam sua vida, só lhe restará sofrer as consequências. Assim como aconteceu na lei dos Estados Unidos, cujos efeitos já estão sendo sentidos, estamos diante da reforma da Previdência brasileira, que será aprovada mais cedo ou mais tarde, neste ou em outro governo. A lei da Previdência Social é a mais percebida por sua magnitude e por ser um assunto barulhento. É percebida, mas pouco conhecida.

Se você não souber o que mudou nas leis que afetam sua vida, só lhe restará sofrer as consequências

Outras mudanças na lei ocorrem sem alarde e a maioria não toma conhecimento. Muitos tomam conhecimento por alto e não compreendem o real tamanho da mudança e seus efeitos sobre as finanças pessoais. Cito duas: o aumento do IPVA (imposto sobre veículos) de 2,5% para 3,5%, e o aumento de R$ 0,50 em impostos sobre o litro da gasolina. O dono de um automóvel que vale R$ 100 mil e consome 1,9 mil litros de gasolina por ano tem gasto adicional de R$ 1.950 ao ano como efeito dessas duas mudanças. Se aplicado em um plano de previdência complementar com juros de 6% ao ano, esse gasto adicional chega a R$ 217 mil em 35 anos. É um valor muito significativo.

Além dessas, outras mudanças nas leis tributárias são feitas o tempo todo e a maioria não percebe. Somente as mudanças nas leis tributárias e na lei da Previdência vão mudar muito o futuro. Você pode ser otimista (e achar que algum anjo vai lhe salvar), ser pessimista (e achar que a velhice será triste mesmo e não há nada a ser feito), ou pode ajustar suas velas, seu plano financeiro. Para isso, é preciso ficar alerta, prestar atenção nas mudanças, estudar e agir.

Para ter êxito, entretanto, um plano financeiro deve partir de um pressuposto: as mudanças que vêm ocorrendo nas leis financeiras, tributárias e previdenciárias afetarão a todos. Quem não perceber esse pressuposto não terá impulso para mudar suas atitudes e se preparar para o futuro. Buckminster Fuller, escritor e inventor, dizia que “não se pode questionar um pressuposto que se ignora”. Os alertas que o investidor Robert Kiyosaki fazia sobre a mudança das leis nos Estados Unidos se aplicam ao Brasil.

Do mesmo autor: Ladrões de seu dinheiro (15 de abril de 2016)

Leia também: Vive mais? Tem de trabalhar mais (artigo de Renato Follador, publicado em 13 de setembro de 2015)

Em uma cartilha de instrução financeira produzida por técnicos de seus quadros, o Banco Central afirma que a educação financeira pode trazer diversos benefícios, como possibilitar o equilíbrio das finanças pessoais, preparar para o enfrentamento de imprevistos financeiros e para a aposentadoria, qualificar você para o bom uso do sistema financeiro, reduzir o risco de cair em fraudes, preparar o caminho para a realização de sonhos, enfim, tornar a vida melhor.

Com o aumento da expectativa média de vida e o envelhecimento acelerado da população, o conhecimento e a educação financeira são as moedas que vão ajudá-lo a ter aposentadoria tranquila e uma velhice digna. Vale a pena prestar atenção nesse assunto.

José Pio Martins, economista, é reitor da Universidade Positivo.
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