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O Brasil tem um problema crônico que poucos gostam de admitir: dependemos da importação de combustíveis para suprir nossas necessidades diárias de consumo. Em um país que é um dos maiores produtores de petróleo do mundo, autossuficiente na extração, isso é simplesmente inaceitável. Neste cenário, a ampliação dos players de refino privado no mercado surge como a solução mais lógica e urgente para mudarmos esse cenário e garantirmos autonomia energética.
O monopólio estatal do refino, que predominou por décadas, criou gargalos logísticos, elevou custos e nos manteve reféns do mercado internacional. Enquanto refinamos menos do que consumimos, seguimos sujeitos às oscilações globais de preços, vulneráveis a crises externas e incapazes de garantir previsibilidade ao setor. Não há mais espaço para esse modelo ultrapassado.
Se quisermos um Brasil autônomo, competitivo e menos vulnerável a crises externas, precisamos abandonar de vez a ideia de que apenas o Estado deve ser responsável pelo refino
A solução é clara: descentralizar o refino e fomentar o setor privado. Refinarias privadas, instaladas estrategicamente no interior do país, oferecem vantagens que vão muito além do abastecimento. Elas reduzem custos logísticos, estimulam o desenvolvimento regional e criam um ecossistema de indústrias que gera riqueza e empregos.
Falo pelo exemplo que nos move como empresa. A SSOil Energy, localizada em Coroados, no noroeste paulista está encravada em uma região que, até o passado recente, dependia de combustíveis refinados em outras partes do país. O impacto é direto: menos custos com transporte, mais agilidade na distribuição e um mercado mais dinâmico. E esse modelo pode e deve ser expandido para outras regiões.
Outro aspecto crucial é a integração entre refino privado e biocombustíveis. O Brasil tem um potencial único para essa transição energética sustentável. Refinarias privadas podem atuar como hubs, combinando a produção de derivados de petróleo com a de combustíveis renováveis. Isso não apenas fortalece nossa segurança energética, mas também alinha o país com as demandas ambientais globais.
Se quisermos um Brasil autônomo, competitivo e menos vulnerável a crises externas, precisamos abandonar de vez a ideia de que apenas o Estado deve ser responsável pelo refino. O setor privado tem capacidade, tecnologia e eficiência para liderar essa transformação. O tempo de espera passou. A expansão do refino privado não é apenas uma opção – é a estrada possível para a independência energética do Brasil.
Ricardo Moura é presidente da SSOil Energy.
Conteúdo editado por: Jocelaine Santos



