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“O mundo mudou muito e as crianças também. Só uma coisa não mudou: elas continuam a necessitar da presença cuidadosa, reguladora, protetora e dedicada dos adultos” – se faz oportuna a educadora Rosely Sayão. Mudaram as crianças e com elas mudaram as mães. Sim, temos hodiernamente uma relação entre mãe e filho mais íntima, cúmplice, interativa e as crianças recebem estímulos bem além das gerações anteriores.

O desejo da maioria das mulheres é ser bem-sucedida no mercado de trabalho e na família. Pesquisa realizada com mães brasileiras com atividade laboral fora do lar revela que 91% delas acreditam que é possível ser boa mãe e boa profissional. Conciliar a maternidade e a vida profissional requer elevada organização e uma rotina bem estruturada.

Ser mãe ou ser pai é assumir responsabilidades compartilhadas

Uma regra de ouro é não levar problemas pessoais para a empresa e tampouco o estresse do trabalho para dentro de casa. Outros propósitos devem ser implementados: apresentar-se por inteira em cada uma das funções, longe da ânsia de ser perfeccionista; negociar na empresa horários mais flexíveis e períodos de home office, até aceitando conquistar menos profissionalmente e assim ter mais tempo para ficar com as crianças.

As tarefas de mãe e de profissional devem ser bem distribuídas e, tanto quanto possível, descentralizadas, aliviando a pressão sobre si mesma. Uma nova dinâmica familiar é necessária, com a coparticipação do companheiro, de uma rede de apoio familiar (bem-vindos avós!), de uma boa creche ou escola em período integral.

Ser mãe ou ser pai é assumir responsabilidades compartilhadas. Diferentemente da minha geração, em que o pai não chegava perto das fraldas, hoje a maior parte dos homens assume a pater/mater/nidade com enlevo e cumplicidade que me causa inveja. Modelo para os filhos é o casal que se alterna e se complementa nas funções domésticas: mamadeiras, fraldas, alimentação, banho, contação de histórias, leituras, jogos digitais e ao ar livre, tarefas escolares, desenvolvimento das habilidades e todo o esforço para conciliar as férias e feriados escolares.

Independentemente de trabalharem ou não fora de casa, um dos maiores equívocos que as mães cometem é exercer o papel de Mulher Maravilha – e pouco compartilham as tarefas domésticas com o filho –, pois não preparam o “reizinho ou rainhazinha” para a vida adulta permeada de adversidades e frustrações, para a qual se exige autonomia e múltiplas habilidades.

Ao filho, deve-se delegar tudo o que ele tem de capacidade física e intelectual para realizar. Se não o fizer – e essa dura tarefa deve ser estimulada por todos os adultos da casa –, perde-se uma oportunidade única e é pouco provável que a nossa super-heroína se livre das consequências futuras.

Como diretor de escola, conheci muitas mulheres vocacionadas para o lar e dedicadas à educação dos filhos, ótimas mães e merecem a nossa justa homenagem. Outras deixaram o trabalho por alguns anos e retornaram ao mercado. Outras, ainda, exerceram a maternidade e a profissão com equilíbrio e planejamento, embora eventualmente perpassasse em seu coração algum sentimento de culpa. Essa pluralidade e diversidade é que tornam a vida interessante!

Ensina um provecto aforisma oriental que Deus, não podendo estar ao mesmo tempo em todos os lugares da terra, criou as mães para ajudá-Lo na árdua tarefa de construir um mundo melhor. Há momentos, sim, de desamparo e desalento no cotidiano de uma mãe. Conforta a mensagem que parafraseio da Oração de São Francisco de Assis: que eu, sendo mãe, aceite mais consolar que ser consolada. Mais compreender que ser compreendida. Mais amar que ser amada.

Jacir J. Venturi, é coordenador da Universidade Positivo, presidente do Sinepe e vice-presidente da ACP.
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