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| Foto: Robson Vilalba/Thapcom

Precisamos de uma intervenção. Digo-o sabendo das consequências, assim como tendo presente a improbabilidade de que ela aconteça, o qual não me agrada em nada. As pessoas decentes da Venezuela veem cada dia mais distante a possibilidade de uma mudança política no país pelas vias normais, devido à natureza do regime de Maduro.

Na Venezuela, quem governa é uma grande coalizão entre comunistas, o crime organizado e o estamento militar. É praticamente uma besta apocalíptica de três cabeças que necessitam umas das outras para sobreviver e levar a cabo seus planos. Os comunistas necessitam do dinheiro das máfias; estas necessitam da desinstitucionalização que só a esquerda no governo pode gerar; e ambos, por sua vez, necessitam do aparato militar, que se nutre das licenças morais e políticas dos comunistas e do dinheiro do crime. É uma situação bastante complexa.

Na Venezuela, quem governa é uma grande coalizão entre comunistas, o crime organizado e o estamento militar

Uma intervenção estrangeira na Venezuela que tenha por objetivo desalojar o regime seria um caminho totalmente válido – e até necessário, no médio prazo. Não o digo só pela natureza diabólica e selvagem de um regime que não aceita negociações e que baseia seu poder em demonstrações de força e de violência, mas também porque os comunistas dissolveram as instituições, criminalizando quem pensa diferente, e empobrecendo o povo até a miséria.

Ademais, a oposição convencional na Venezuela não soube dar respostas acertadas às demandas políticas do povo; na Venezuela não existe, no momento, uma direita articulada e financeiramente viável para fazer frente aos comunistas. E o pior: as elites venezuelanas, em vez de tomar consciência de seu papel no jogo político, fizeram-se partícipes das abominações do Estado chavista, apoiando-se neste como a meretriz da Babilônia se apoiava na besta do apocalipse.

Para além dos problemas internos que a revolução bolivariana gera, o caos venezuelano poderia estender-se pela América do Sul, fazendo com que, tal como a Venezuela é uma espécie de nova Cuba ou Síria, o resto do continente se converta em um novo Oriente Médio ou uma nova União Soviética, chocando de frente com os interesses geopolíticos e a segurança da América e do Ocidente.

Ameaça à soberania: Da riqueza dos petrodólares ao desastre humanitário ( artigo de João Alfredo Lopes Nyegray , advogado, bacharel em Relações Internacionais e professor da Universidade Positivo)

Como venezuelano, vítima da revolução bolivariana, nego-me a passar toda a minha vida como fugitivo, como um estranho em outro país; se o preço a pagar pela liberdade for uma invasão estrangeira, que seja bem-vinda. O que há um tempo foi um lar agora é uma porta do inferno. Muitos dizem que uma invasão militar na Venezuela destruiria todo o país, mas dizem-no como se não soubessem que a Venezuela já está destruída e que os que detêm o poder no país não estão dispostos a sair tranquilamente – uma amostra disso foi o que disse a ministra Iris Varela, que, crendo-se imortal, afirmou: “Então vamos deixar o país em cinzas, não deixaremos o poder”.

Cresci nos vales de Aragua, rodeado de plantações de cana. A elas é necessário incendiar para amadurecê-las, matar pragas e queimar lixo e ervas daninhas. A Venezuela necessita de algo parecido, e talvez esse algo seja uma intervenção militar.

Simón Aliendres León é exilado venezuelano, formado em Contabilidade pela Universidade de Carabobo e representante no exílio do partido Opinión Nacional (Opina) e do Movimiento Liberal Venezuelano.
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