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Após os eventos envolvendo a desastrosa reunião entre o presidente americano Donald Trump e seu homólogo Ucraniano, Volodymyr Zelensky, a Europa acelerou ainda mais os planos de fortalecimento militar. A suspensão temporária da ajuda Norte-Americana, prejudicou sensivelmente a posição ucraniana, mas o maior prejuízo foi com a falta de confiança dos parceiros americanos e seu comprometimento com seus aliados europeus(ou antigos aliados), a discussão de Musk e ministro polonês RadosławSikorski colocaram em risco a influência americana nas empresas privadas em fornecerem infraestrutura a Ucrânia.
A questão é a Ucrânia, mas a percepção é que os EUA estão abandonando não apenas a Ucrânia, mas seus longevos parceiros europeus. O vácuo da saída do poder militar americano na Europa não ocorreu sem que o bloco fizesse suas movimentações, pois, como diz velho adágio: “Não há vácuo no poder”, e essa lacuna deixada pelos americanos deverá ser preenchido pelas potências europeias.
A Alemanha trouxe uma estrondosa notícia, com a retirada das suas limitações orçamentárias e permitindo um fundo de US$ 530 bilhões ou R$ 3,4 trilhões em investimentos militares
O “pacote” de ajuda econômica do Reino Unido à Ucrânia (pacote de US$2 bilhões para compra de misseis em defesa aérea), demonstra comprometimento com a causa, ou na expressão usual “put your money where your mouth is”. A disposição da França em colocar seu arsenal nuclear como elemento dissuasório(e disposto em outros países da UE) a serviço não apenas da França, mas de todo o Bloco Europeu, numa forma de defesa coletiva, ainda é muito clara, mas também mostra disposição.
O mesmo acontece com o anúncio da Polônia em aumentar seus soldados para 500.000 – hoje o efetivo é de 216.000 soldados – bem como sua retirada na Convenção de Ottawa, abrindo espaço para a utilização de minas, e o desejo em treinar militarmente toda a população masculina adulta e a possibilidade de investir em um dispositivo nuclear.
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Já a Alemanha trouxe uma estrondosa notícia, com a retirada das suas limitações orçamentárias e permitindo um fundo de US$ 530 bilhões ou R$ 3,4 trilhões em investimentos militares. Importante lembrar que a Alemanha sedia importantes empresas do setor militar, como a Rheinmetall e a Leopard, e que a Volkswagen demonstrou interesse em utilizar sua linha de produção na produção industrial militar.
Dos casos acima, o mais simbólico é a Alemanha, que, com esse gigantesco fundo, torna a remilitarização alemã uma realidade. Os discursos de seu novo líder Friedrich Merz, trazem um elemento de Kriegstüchtig, que pode ser traduzido como “Vontade de Lutar”… mas que pode ser entendido em seu contexto como disposição de guerrear.
Juliano Rafael Teixeira Enamoto é formado em Direito, procurador da Câmara Municipal de Sapezal-MT, pós-graduado em Didática do Ensino Superior.
Conteúdo editado por: Jocelaine Santos



