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Chegamos a um ponto em que é quase impossível registrar posições de cidadãos contrários à conservação da natureza. Até os envolvidos em atividades que degradam além dos limites já assumem uma postura de alinhamento. Posicionamentos sinceros ou não, uma tendência que aponta para uma quase unanimidade.

Certamente, se todos esses gestos favoráveis fossem acompanhados de uma conduta responsável e proativa, gerando ações concretas e que minimizassem as agressões que impomos ao planeta, é certo que os desafios da perda da biodiversidade e das mudanças climáticas estariam muito melhor equacionados.

Podemos inferir que a simples boa vontade ou dissimulação para externar posição em prol da natureza não reflete um avanço assim tão significativo. Até aqui, poucas pessoas ou instituições conseguem comprovar ações efetivas, de caráter adicional e que apresentem resultados tangíveis no campo da conservação.

Muitos atores que se autodenominam favoráveis e conscientes da importância da conservação da natureza precisam abandonar a passividade

Exemplos de ações consistentes existem e podem ser encontrados em praticamente todo o país. A proteção de áreas naturais, com a manutenção e a criação de novas Unidades de Conservação, o monitoramento e a conservação de espécies ameaçadas, a restauração de áreas naturais degradadas e mais uma enorme diversidade de iniciativas qualificadas são exemplos de que é possível uma agenda positiva no campo da conservação.

A falta de iniciativas mais numerosas demonstra que os muitos atores que se autodenominam favoráveis e conscientes da importância da conservação da natureza precisam abandonar a passividade. Não podemos enfrentar a dimensão dessa empreitada apenas com ações de caráter demonstrativo. Faz-se necessário suprir as lacunas que demandam maior suporte e desdobramentos para a obtenção de resultados em escala.

Há uma necessidade premente de maior envolvimento de todos os que já entendem que conservar representa uma prática indispensável. Essa premissa não está só relacionada com a ética e com o respeito ao patrimônio natural de uma nação. Trata-se também de uma contingência indispensável, em função de nossa dependência da natureza e de seus serviços ambientais.

A conservação representa uma das externalidades que a economia precisa incorporar. São custos reais mantidos invisíveis, estimulando o consumo de produtos que deveriam ser melhor caracterizados pelo mercado. Não é possível permitir que continue avançando a degradação em detrimento de um meio ambiente em condições de nos garantir um bem viver.

Essa é, portanto, uma obrigação de todos os cidadãos, dos governos e das corporações. Não pode ser preterida por atropelos dos que destroem e inviabilizam o dia de amanhã. É uma prioridade que está presente em todas as nossas atividades, gerando equilíbrio, beleza e a garantia de longevidade para as atividades humanas.

Tendo completado 30 anos de atuação em dezembro de 2015, a Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental (SPVS), instituição conservacionista nascida no Paraná, divide com seus pares um amplo conjunto de realizações que, desde o início da década de 80, mostraram-se afinadas com uma realidade que não pode mais ser evitada.

Esse é um caminho de lucidez que, como nunca, precisa ser melhor dividido com o resto da sociedade. A SPVS vem fazendo sua parte exemplarmente.

Clóvis Borges é diretor-executivo da Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental (SPVS).
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