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A violência é capaz de gerar migração no Brasil?

Imagem ilustrativa. (Foto: Brunno Covello/Arquivo Gazeta do Povo/Arquivo)

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O aumento da violência e a expansão do crime organizado são uma realidade que impacta a vida dos brasileiros, pois seis em cada dez pessoas (61%) relatam ter visto ou ouvido falar sobre crimes ligados ao tráfico de drogas em suas vizinhanças nos últimos 12 meses. É o que revela uma recente pesquisa publicada (28/06) intitulada “Pesquisa Ipsos: A criminalidade no Brasil e no mundo”, realizada em 31 países para avaliar a percepção da população sobre crimes violentos. O Brasil lidera entre os países que relatam a presença de tráfico de drogas em suas vizinhanças, e temos a oportunidade de analisar dados comparativos sobre o quadro de violência no país em relação a alguns países da América Latina e outros países que têm uma realidade bem diferente do Brasil.

Segundo a pesquisa da Ipsos, o Brasil, na percepção da população sobre crimes violentos e não violentos, além da aplicação da lei, ocupa o primeiro lugar no ranking das nações participantes, com uma média global de 37%. Ao contrário, ocupando o final da lista, estão os países Israel (15%), Polônia e Nova Zelândia (ambas com 22%).

Os efeitos da criminalidade já causam uma migração forçada de famílias que buscam localidades menos violentas

Esse cenário não é novidade para aqueles que acompanham a realidade brasileira, seja por meio dos noticiários policiais, seja por debates mais aprofundados em meios especializados no assunto. Condição que se agrava quando se observa, neste cenário, a expansão do crime organizado (Milícias, Comando Vermelho, PCC, entre outros), como vem noticiando o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, por meio do Fonte Segura (Edição 238): “na região norte, contendas locais ligadas ao narcotráfico já são suficientes para impulsionar substancialmente os indicadores (homicídios), como é o caso do Amapá e do Amazonas.”

Assim, nosso cotidiano, principalmente nos grandes centros urbanos e regiões metropolitanas, é recheado de notícias sobre violências das mais variadas formas, inclusive contra os ambientes escolares. Dessa forma, não são poucos os especialistas que passam a buscar culpados, novos encaminhamentos ou ainda propostas de soluções que, nos dias de hoje, estão cada vez mais atreladas à tecnologia (o debate sobre as câmeras corporais, por exemplo).

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Mais recentemente, Mário Luiz Sarrubo, atual secretário nacional de Segurança Pública, além de participar de vários eventos, tem se colocado nos debates realizados, e uma de suas afirmações é bem pontual: “O crime não pode compensar”, assim, se ele persiste, é porque, de alguma forma, o crime ainda compensa.

Temos, então, um cenário que envolve um olhar minimamente multidisciplinar e multisetorial, em razão de um problema que é de todos. Você se mudaria da sua casa, deixaria a sua cidade por causa da violência? Muitos já se fizeram essa pergunta, e o fato é que os efeitos da criminalidade já causam uma migração forçada de famílias que buscam localidades menos violentas, seja para o desenvolvimento de uma atividade profissional, seja para assegurar aos entes queridos uma condição mínima de segurança. Mas o problema persiste e já vem chamando a atenção de outras nações, que demonstram preocupação com o cenário brasileiro.

Um problema que, mesmo que alguns tentem fugir dessa realidade, é uma questão de todos, pois uma hora ou outra, infelizmente, vai nos atingir ou alguém que nos é próximo. Mas quantos estão dispostos ao debate para encarar de frente esse grande problema de nossa nação? Se não for assim, o crime ou sua prática pode continuar a compensar, desde as menores infrações, por vezes toleradas pelo consenso social, até as mais graves, que podem nos tirar o bem mais precioso, que é a vida humana

Gerson Luiz Buczenko é coordenador do curso superior de Tecnologia em Segurança Pública do Centro Universitário Internacional Uninter. 

Conteúdo editado por: Jocelaine Santos

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