Encontre matérias e conteúdos da Gazeta do Povo
Bruno Meirinho

Brasil cada vez menor

Nos últimos 20 anos o Brasil já perdeu milhares de quilômetros de ferrovias e as propostas de construção de novos trechos não saem do papel

 | Jonathan Campos/Gazeta do Povo
(Foto: Jonathan Campos/Gazeta do Povo)

Nesta semana, a China anunciou o ambicioso projeto da Iniciativa do Cinturão e a Rota da Seda, que prevê uma série de investimentos coordenados desde o Extremo Oriente até a Europa. Ferrovias, portos, energia e outros investimentos estarão interligados, envolvendo dezenas de países e sob a coordenação e financiamento chineses. A ideia vai na contramão de uma tendência dos últimos anos: o protecionismo e a redução de articulações entre os países, expressa na saída do Reino Unido da União Europeia e na ruptura dos Estados Unidos com o Acordo Transpacífico. A posição chinesa defende a ampliação da globalização, com a abertura de fronteiras para os negócios internacionais, e se inspira nos primeiros movimentos de globalização, como a Rota da Seda.

Investimentos fundamentais em infraestrutura seguem inacabados e paralisados

Enquanto isso, no Brasil, investimentos fundamentais em infraestrutura seguem inacabados e paralisados. Mesmo infraestruturas existentes ainda não possuem projetos de funcionamento. Como exemplo, nos últimos 20 anos o Brasil já perdeu milhares de quilômetros de ferrovias e as propostas de construção de novos trechos não saem do papel. Sem qualquer criatividade, o governo editou a Medida Provisória 752/2016, que prevê a renovação por mais quatro décadas de concessões que ainda não mostraram resultados satisfatórios.

O Brasil também desperdiça seu potencial para liderar a integração latino-americana, já que poderia promover investimentos, a exemplo da iniciativa chinesa, que articulassem os diversos países da região. Mas, se nem os investimentos nacionais tornam-se realidade, o que dizer de investimentos internacionais?

Uma resposta a essa desarticulação seria a adoção de um novo modelo de concessões, com um marco regulatório que assegure o uso mais eficiente e amplo da infraestrutura a custos menores, reduzindo o chamado custo Brasil, e a ampliação da participação no setor, enfrentando os monopólios. Assim, o Brasil poderia liderar o conjunto de países do sul do continente americano, ampliando as fronteiras para um país cada vez maior. No sentido contrário, continuamos sendo um país cada vez menor.

Principais Manchetes

Receba nossas notícias NO CELULAR

WhatsappTelegram

WHATSAPP: As regras de privacidade dos grupos são definidas pelo WhatsApp. Ao entrar, seu número pode ser visto por outros integrantes do grupo.