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Na gestão de Gustavo Fruet, muito pouco se fez na prefeitura. O argumento é que falta dinheiro, consumido de forma inveterada em gestões anteriores, escasso em virtude da crise, ou prejudicado pela redução de repasses federais e estaduais como fruto do ajuste fiscal. Faltando dinheiro, despesas com obras são prejudicadas. Mas obras não são a única realização de uma prefeitura. Há muita coisa que pode ser feita com poucos recursos, mas, para isso, é preciso ter um sentido na gestão. O discurso de “mudança segura” do prefeito parece não contribuir com a criação de um sentido no governo. Mudar para onde? Segurança sobre o quê?

A memória de seu pai, Maurício Fruet, ainda é muito forte. Embora já tenha passado 30 anos de sua gestão, muitos populares votaram no Gustavo pensando no pai, e hoje, comparando, acham que houve algum engano. Parece que Fruet, o filho, pensa que as realizações de seu pai só foram possíveis por causa dos recursos disponíveis, como já disse em entrevistas. Grave engano. Certamente, nos anos 80, a utilização de recursos públicos era mais fácil, pois não dependia das licitações e da responsabilidade fiscal dos dias de hoje. Mas o diferencial de seu pai era ter um rumo, uma visão para o seu governo. Não só ele, mas também outros grandes políticos souberam ter esse diferencial.

Com o envolvimento popular, a gestão pode ser aprovada mesmo quando for preciso dizer “não”

Fruet, o pai, é lembrado como realizador populista e forte alternativa ao lernismo. Sua gestão se chamava “Curitiba Participativa”, e ele inovou realizando reuniões públicas para ouvir as demandas populares sobre o planejamento da cidade. Com o envolvimento popular, a gestão pode ser aprovada mesmo quando for preciso dizer “não”. Afinal, com transparência é possível dizer o que pode e o que não pode ser feito. Certamente ainda haverá falhas e insatisfações – afinal, não existe uma fórmula perfeita –, mas é uma visão. No governo de Gustavo Fruet, não se sabe qual é a fórmula, qual é a visão.

Com visão, grandes realizações podem ser feitas. Ampliar a participação popular no planejamento da cidade e no orçamento público; promover ações de regularização fundiária que não dependam só de obras; e melhorar a gestão do transporte público e a mobilidade na cidade.

Mas a prefeitura tem feito o contrário: na revisão do Plano Diretor, evitou a participação popular; as audiências do orçamento participativo são reduzidas a um balcão de reivindicações setoriais e propaganda da gestão; a regularização fundiária foi muito anunciada e pouco realizada; e a gestão do transporte coletivo foi pouco corajosa.

Dessa forma, a prefeitura entra em 2016 com um candidato à reeleição que ainda tem dúvidas sobre como se defender, como se vê na recusa ao convite para ser entrevistado como pré-candidato pela Gazeta do Povo. O último ano de gestão começa ainda com muito por fazer. Sua vantagem é a concorrência, com vários candidatos que já ocuparam o posto, ou que são aliados de quem já ocupou, e também não fizeram muita coisa. Curitiba precisa voltar a sonhar, precisa de um rumo.

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