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Em 25 de abril de 1979, eu estava no Cairo para cobrir o tratado de Paz entre Egito e Israel, que foi assinado em Umm Hashiba. O ministro da Defesa de Israel, Ezer Weizmam, e o equivalente egípcio, Kamal Hassan, apertaram-se as mãos, Israel cedeu o Sinai e o Egito prometeu mudar sua política de guerra contra Israel.

Naquela época, Anwar Sadat era presidente do Egito e havia feito uma viagem inesperada a Israel que desconcertou o mundo e até mesmo Israel. Pouco depois, Sadat foi morto por um soldado egípcio durante um desfile militar. Logo em seguida, Hosni Mubarak ocupou o poder e nele se perpetua por 30 anos, respeitando o Tratado de Paz firmado anteriormente, mas governando o seu país com mão de ferro numa das ditaduras mais longas do Oriente Médio.

Nos dias que correm, seu governo está sendo contestado violentamente nas ruas do Cairo, não apenas por populares, mas por soldados que, em tese deveriam estar protegendo o governo.

Quando estive no Cairo três anos antes, a situação era de penúria. Vi soldados egípcios desfilando descalços. Numa confeitaria onde Weizman parou para comer um doce, um homem sem pernas abraçou-se em seus joelhos, dizendo que havia sido mutilado numa das guerras contra Israel.

A paz em separado melhorou a situação egípcia. Os Estados Unidos promoveram Sadat e mais tarde, Hosni Mubarak, como o principal aliado no Oriente Médio, logo depois de Israel. Uma brutal incoerência dos EUA, que impõem a democracia para seus desafetos, mas toleram ditaduras cruéis para seus aliados.

O Egito já foi uma dádiva do Nilo, o rio que criou uma das civilizações mais importantes da Antiguidade. A atual reivindicação do povo nas ruas do Cairo pode abrir um novo cenário para todo o Oriente Médio.

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