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Sempre que penso na vida dos outros e na minha própria procuro descobrir onde, quando e por que dobramos a esquina errada. A comparação procede. Estamos num trecho da cidade e queremos ir para um lado. Tudo se simplifica então: dobramos à esquerda ou à direita? É evidente que acertamos na maioria das vezes, mas erramos em outras.

Há uma esquina, há um mo­­mento em que tomamos a direção errada, por distração, por convicção ou mesmo por má informação. E, se isso ocorre com os indivíduos, de certa forma também ocorre com a humanidade, que, afinal, é a soma de todos os indivíduos.

Filósofos, teólogos, economistas, sociólogos, iluminados de diferentes tipos e intenções, todos já tentaram descobrir onde e como dobramos a esquina errada. Simplificando o problema, e tomando como base o relato bíblico, a esquina errada foi quan­­do comemos o fruto da árvore do bem e do mal.

Daí herdamos a morte, o suor do trabalho e, para as mulheres, as dores do parto. Até que é pouco. Seríamos bem menos desgraçados se tivéssemos apenas os males da morte, do suor e do parto.

Pulando do Paraíso terrestre para o sambódromo do Rio de Janeiro, é voz geral que, durante o desfile, a escola se perde quando "atravessa", seja no samba em si, seja nas diferentes alas que a compõem.

Há um grupo que se dedica apenas a marcar o ritmo. São caras que não estão nem aí para os destaques, as alegorias, nem mesmo para o próprio enredo da escola. Limitam-se a marcar o ritmo e a evitar a esquina errada.

A conclusão é que falta à grande escola de samba, que é a humanidade, um mestre de bateria eficiente para marcar o compasso. Ao contrário do mestre André da Padre Miguel, o nosso Mestre deu-nos o livre-arbítrio para errar o passo e o compasso e dobrar as esquinas erradas.

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