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No começo do século 20, não existiam lojas só de discos. Eles eram vendidos nas lojas de partituras e instrumentos musicais. Tanto fazia, era tudo música. Numa delas, em 1927, a Guitarra de Prata, até hoje na Rua da Carioca, o jovem Mario Reis foi apresentado ao sambista Sinhô, do que resultou uma revolução. Dois anos depois, em outra loja, A Melodia, na Rua Gonçalves Dias, a também jovem Carmen Miranda foi apresentada a Joubert de Carvalho e este lhe deu a canção Pra Você Gostar de Mim. Que Carmen transformou na carnavalesca "Taí", e foi outra revolução.

Com o declínio das lojas de pianos, os discos passaram a ser vendidos nos fundos das lojas de eletrodomésticos, tipo Rei da Voz ou Casa Garson. Mas a música nunca se sentiu à vontade em meio àquelas ofertas de armários, colchões, artigos para banheiro, geladeiras e panelas. Foi preciso chegar aos anos 50 e 60 para surgir as lojas especializadas em discos – onde cantores, músicos, produtores, jornalistas e ouvintes se reuniam em função da música.

Esta noite, com o fim da Modern Sound, em Copacabana, a música perderá a última grande loja de discos do país. Um lugar onde, durante 44 anos, as pessoas não apenas encontravam os discos que quisessem, mas se encontravam umas às outras e, dessa troca de fluidos e ideias, a música sempre saía ganhando.

A Modern Sound vai se juntar às suas irmãs – Brenno Rossi, em São Paulo, Templar Records, em Londres, Footlight, em Nova York, as gigantes Tower e HMV, e muitas outras. Todas morreram nos últimos dez anos.

Ironicamente, as lojas de discos deixam de existir, mas continua-se a vender discos. Só que, agora, em certas livrarias, onde eles ainda têm um ambiente acolhedor, e nos shoppings e grandes lojas – de novo em meio aos armários, colchões, artigos para banheiro, geladeiras e panelas.

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