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Em entrevista recente, um general negou a milhares de brasileiros a condição de exilados pelo regime militar de 64, acusando-os de fugitivos. Não se trata de um equívoco semântico, mas de uma linha de pensamento político. Quando dom Pedro II foi exilado, com toda a família imperial, houve republicanos que chamaram o último imperador do Brasil de "fujão".

Vamos com calma. Dom Pedro foi realmente exilado por ato do governo, como, em outra situação, alguns brasileiros que estavam presos foram trocados pelo embaixador norte-americano. Libertados, foram expulsos do país por ato do governo.

A maioria, a quase totalidade dos ex-exilados, foi na realidade autoexilada, mas não saiu do país por vontade própria, mas porque não havia condições para uma vida normal e digna aqui no Brasil.

Nenhum deles, creio eu, tinha como projeto de vida dirigir trens do metrô na Suécia, como o Fernando Gabeira, ou vender charutos em Lima, como o ex-ministro da Justiça Abelardo Jurema.

Além do mais, eles foram rastreados pelos serviços secretos do Brasil e de seus aliados na ocasião, Argentina e Uruguai, principalmente. Os militares sabiam onde estavam e o que faziam Juscelino, Arraes, Brizola e quase todos. Eram vigiados.

Está preso em Charqueadas (RS) um ex-agente da polícia uruguaia que conta como Jango e outros autoexilados viviam no exterior, chegando a afirmar que o ex-presidente foi envenenado. Todos passaram momentos de solidão e de constrangimento. Com uma ou outra exceção, foram prejudicados profissional e moralmente.

Os adversários do regime eram presos e torturados, alguns foram assassinados. Aqui, vi­­viam na corda bamba, tendo de responder a IPMs e cortadas as suas condições de trabalho.

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