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A liturgia da terceira Missa de Natal, a missa do dia, nos apresenta o prólogo do Evangelho Segundo João. Nas celebrações da meia-noite e da aurora, a liturgia acentua a humildade do Messias: o presépio e os pastores. Na liturgia do dia, o aceno está na sua eterna glória, o brilho da manifestação de Deus. Esse é o paradoxal mistério de Cristo: a Palavra que se tornou carne, humanidade frágil, e exatamente nisso "nós contemplamos sua glória" (Jo 1,14).

"Como é belo ver pelas montanhas os passos do mensageiro que anuncia a paz, noticia a felicidade e traz uma mensagem de salvação: Teu Deus reina." Quando Deus reina através do empenho dos humanos, seus "aliados", Ele tem a última palavra, existe saída. A manifestação de Deus superou de longe aquilo que o profeta divisou.

A mensagem, a palavra por parte de Deus, tornou-se carne, existência humana. Jesus é em pessoa o que Deus quer comunicar, desde sempre. A Palavra que é Jesus estava em prontidão junto de Deus desde sempre; aquilo que Deus quis sempre dizer, sua Palavra o veio mostrar, tornando-se vida humana no meio de nós (Jo 1,1-14). Jesus é a comunicação de Deus, é o que Deus significa para nós; e o que não condiz com Jesus contradiz Deus.

O que Jesus fala e faz, Deus é quem o fala e o faz. Quando esse filho do carpinteiro convida os pecadores, é Deus que os chama. Quando censura os hipócritas, é Deus que os julga. Quando funda a comunidade fraterna, é Deus que está presente nela. E quando morre por amor fiel até o fim, é Deus que manifesta o seu amor fiel e sua plenitude de vida. Tudo o que Jesus nos manifesta é a palavra de Deus falada para nós, palavra de amor eterno. Há quem pergunte o que Jesus faz enquanto homem e enquanto Deus.

Tudo que faz, Ele o faz como homem e como Deus, pois faz tudo por amor até o fim, e Deus é amor. Se devesse escolher o momento em que Jesus se mostrou mais Deus para nós, seria o momento em que Ele foi mais humano, frágil e mortal: sua morte na cruz. Pois aí mostrou com maior nitidez o rosto de Deus-Amor.

"A "Palavra de Deus" crucificada nos fala: "Deus é amor" (1 Jo 4,8-16).A festa da Encarnação não é só o Natal, mas também a Sexta-Feira Santa. O presépio é da mesma madeira da cruz. À medida que nós formos novos Cristos, também nossa "carne", nossa vida e história, será uma palavra de Deus para nossos irmãos e irmãs, e mostrará ao mundo o verdadeiro rosto de Deus: um rosto de amor.

Feliz e Santo Natal para todos!

Dom Moacyr José Vitti CSS, arcebispo metropolitano.

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