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O quarto domingo de Páscoa é chamado o domingo do Bom Pastor. Aparece a figura do Bom Pastor numa atitude de ternura com as ovelhas. Ele as conhece e as chama pelo nome. Para ele não existem massas anônimas. Ele se interessa pelos problemas de cada uma das suas ovelhas. Em contraste com o pastor, aparecem as figuras dos ladrões e dos bandidos. Quem são eles? Como reconhecê-los? Eles também prometem segurança, felicidade, saúde para as ovelhas. Apresentam-se como pastores, mas não são.

No tempo de Jesus havia chefes religiosos e chefes políticos que afirmavam querer o bem do povo, mas em verdade procuravam o próprio interesse. Os seus objetivos eram o domínio, o prestígio pessoal, a exploração; os seus métodos eram a violência e a mentira.

Nos nossos dias também nós ouvimos muitas vozes: falam-nos os pais, os amigos, as emissoras de rádio, os jornais, os chefes políticos, os meios publicitários. Todos prometem segurança, felicidade, riqueza, conforto. A quem devemos dar ouvidos? Parecem pastores que conduzem a pastagens ricas de alimento. Mas são em verdade? Para saber distingui-los é necessário educar os próprios ouvidos, porque o pastor se conhece pela voz. Observe-se que neste Evangelho se atribui destaque "à voz do pastor". Após a ressurreição será reconhecido pela sua voz. Essa voz ressoa para nós hoje no Evangelho. Quem não está acostumado a ouvir aquilo que o Mestre diz não está em condições de distinguir a sua voz daquela de tantos bandidos que querem somente explorar as ovelhas.

Há pessoas que se apresentam como pastores, falam até em nome de Cristo, mas depois defendem a violência, falam dos direitos dos homens e ao mesmo tempo os violam, não respeitando a liberdade. Afirmam-se defensores da dignidade das pessoas, mas procuram somente vantagens econômicas, prestígio pessoal. Estes não são pastores, mas somente bandidos, e as ovelhas, por instinto, sentem medo, fogem deles porque não os conhecem. O pastor procura a vida; os ladrões e os bandidos se colocam do lado da morte.

No Evangelho de hoje Jesus afirma que Ele veio para dar a vida. Não promete um caminho fácil, promete a vida e afirma que distribuirá em abundância. De que espécie de vida se trata? Daquela do além? Não! Ele se refere, antes de tudo, à vida deste mundo. É aqui que o cristão se deve empenhar para que todos possam ter uma existência feliz. Somente assim prova que o discípulo do verdadeiro pastor que deu a sua vida para que outros tenham vida em plenitude.

Há hoje quem se apresenta como pastor, mas não passa pela porta, não se coloca do lado do homem, do lado da vida. Quem mata, quem rouba, quem se embebeda, quem arruína as famílias dos outros, quem calunia, quem agride, quem pratica a violência, quem oprime a própria mulher está do lado da morte. Não é pastor, é bandido.

Quando falamos de pastor, pensamos na sua função de guia; por isso o quarto domingo da Páscoa se tornou também o dia em que rezamos por aqueles que na Igreja são chamados "pastores". Não podemos, esquecer que o "Pastor" é um só: Jesus; todos os demais são seus "cordeiros".

Neste dia o Evangelho nos ensina que Ele faz ouvir a sua voz e os que pertencem ao seu rebanho sabem reconhecê-la imediatamente. Ele é também a porta. Quem quiser ter contato com as ovelhas, deve passar através dele, isto é, deve modelar a própria disposição, as próprias ações, os próprios sentimentos pelos seus.

Dom Moacyr José Vitti, CSS, arcebispo metropolitano de Curitiba.

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