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Tendemos a olhar para os bens públicos como terra de ninguém, quando na verdade são de todos. Todos criticam e todos seguem fazendo igual.

Em 1968 um artigo de Garret Hardyn chamado a Tragédia dos Bens Comuns causou um terremoto nas universidades, possivelmente porque professores e pesquisadores não leem. A novidade de Hardyn tinha mais de 2 milênios de idade. Muito antes de cristo, Aristóteles já dizia que o que é de muitos é menos cuidado.

Por essa razão elegemos pessoas que impõem pequenos danos individuais que tragam o bem comum. Ok, a coisa não é bem assim, mas vez ou outra fazemos a coisa certa.

Em 2007 a cidade de São Paulo aprovou legislação restringindo a poluição visual, ela que é um exemplo de como quando todos querem pastar um pouco mais, todos terminam sem pasto. Ninguém mais lê o que está em outdoors, totens, empenas de prédios e qualquer outro lugar que consigamos emporcalhar. Restringir a poluição visual significa limitar os ganhos da indústria pouco produtiva do marketing para permitir que a população como um todo aproveite a paisagem de sua cidade e até preste mais atenção ao trânsito.

Em 2008 Curitiba também aprovou sua "Cidade Limpa" junto com muitas outras, como São Caetano, Cuiabá, Osasco. Londrina, seguindo sua tradição de resistência a mudanças, aprovou sua Lei Cidade Limpa somente na semana passada. A poluição visual aqui é tão séria que até mesmo os órgãos de propaganda aceitaram a autolimitação.

Em 1990, quando me mudei para Londrina, aqueles que passavam na rodovia viam o skyline da cidade, seus prédios iluminados. Hoje quem passa pela rodovia vê uma maçaroca de mulheres bonitas tentando vender quinquilharias variadas, nem sei quais, na verdade tenho coisas mais bonitas em que tentar prestar atenção.

Como uma prova que o individualismo não nos larga, nesta semana a mesma Câmara de Vereadores paulistana e visionária que mudou o padrão visual urbano brasileiro, agora dá dois passos atrás, autorizando propaganda política porcalhona com faixas e banners na cidade.

Os vereadores paulistanos agora nos informam que estão interessados em promover o bem comum desde que com chapéu alheio.

Aguardemos agora para ver se as cidades brasileiras terão o bom-senso de seguir somente o bom exemplo e refutar os erros paulistanos ou se os seguiremos de volta para o mar de banners, placas e santinhos vendidos pelos marketeiros a seus clientes candidatos como grande solução para ganhar votos.

Se a poluição visual, eleitoral ou não, agride você, faça seu candidato saber disso.

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