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Daqui a alguns anos, quando o meu filho me perguntar sobre os primeiros responsáveis pela Grande Mudança do Brasil, eu poderia citar simplesmente o povo, que decidiu fazer valer o artigo 1.º da Constituição Federal, parágrafo único: “Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição”. Espero poder dizer a ele que, um dia, os brasileiros entenderam o significado exato da expressão “ou diretamente” – e varreram para fora da vida pública nacional aqueles que já não representavam mais nada além da própria mediocridade intelectual e corrupção espiritual.

Mas a palavra “povo” é por demais genérica e não nos permite apontar os responsáveis individuais por alterar o rumo geral dos acontecimentos. Meu filho vai querer mais. Ele gostará de saber nomes, símbolos e referências que levaram o país a transformar seu destino na hora mais crítica. Direi que foi o povo, com a ajuda de Deus e Nossa Senhora. No momento em que ele me pedir para ser mais específico, abrirei a janela da rua e apontarei o movimento dos veículos: “Está vendo aquele caminhão? Foi ali que tudo começou a mudar”.

Não poderei dizer que os intelectuais foram os responsáveis pela Grande Mudança. Com a exceção de um grupo muito pequeno – liderado todos sabem por quem –, os autodenominados intelectuais brasileiros preocuparam-se apenas em salvar as próprias peles e cargos, quando não embarcaram no discurso genocida da luta de classes ou no puxa-saquismo mais constrangedor, como aquele poeta... Alguém aí lembra o nome dele?

A coragem dos homens das estradas abriu caminho para a transformação do Brasil. Eles deram o exemplo – e agora nós precisamos segui-los

Se estendermos a definição de “intelectual” aos artistas e queridinhos da mídia, bem, aí é que a situação fica ainda mais melancólica. Não apenas a maioria absoluta se negou a enxergar a realidade como se entregou a uma agenda de horrores que inclui a defesa do aborto, a ideologia de gênero e o desrespeito à fé. Será difícil acreditar que tantas pessoas públicas se comportaram assim enquanto o país vivia uma de suas piores crises em todos os tempos, mas terei de ser franco com meu filho e dizer a verdade completa.

Também não direi que os meus colegas de profissão foram responsáveis por mudar o Brasil. Os meus caros sete leitores sabem que há pouquíssimas ilhas de independência e coragem na mídia, tais como esta Gazeta do Povo. E mesmo assim as raras exceções são ininterruptamente bombardeadas pelos batalhões de jornalistas que seguem a agenda do PT e linhas auxiliares. Os mais jovens eu posso até entender; afinal, eles aprenderam na faculdade que a função do jornalista é combater o malvado capitalismo. Mas os mais velhos já tiveram tempo para compreender a farsa – e nada fizeram. Ressalvo aqui o papel das exceções (sem as quais eu não estaria aqui, escrevendo livremente).

Os militares? Nem pensar. Eles estão mais preocupados em bater continência para comunistas.

Jamais apontarei os estudantes como heróis da mudança no Brasil. Hoje os movimentos estudantis estão quase totalmente aparelhados – vamos usar a palavra correta: comprados – pelo governo petista. Então, é mais fácil nevar em Teresina do que ver a UNE ou os DCEs da vida defendendo alguma causa importante no Brasil atual. Da mesma forma que os trabalhadores sérios agem sem pedir licença aos sindicatos, os estudantes sérios hoje buscam os movimentos populares independentes.

A união entre trabalhadores e empresários poderia ser uma importante mola propulsora para a Grande Mudança no Brasil, e acredito que em breve será decisiva. Mas o fato é que hoje tanto os empresários quanto os trabalhadores estão lutando pela sobrevivência física. Fica difícil liderar uma luta quando se está sob a ameaça da falência ou do desemprego. Talvez isso só ocorra quando não tivermos mais nada a perder. O que me leva à pergunta principal deste artigo: quem passará à história como o primeiro motor da Grande Mudança? Digo sem medo de errar: os caminhoneiros.

A coragem dos homens das estradas abriu caminho para a transformação do Brasil. Eles deram o exemplo – e agora nós precisamos segui-los. Com as medidas tirânicas para debelar o movimento dos caminhoneiros, o governo do PT provou que está disposto a tudo para manter-se no poder. É hora de mostrar que nós não temos medo deles: faremos a Grande Mudança, dentro da lei e da ordem, e varreremos para a lata de lixo da história a organização criminosa que, não contente em destruir o país, empenha-se em escravizar o povo no meio das ruínas.

Obrigado, irmãos caminhoneiros. Vocês são os primeiros heróis do Brasil que está nascendo.

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