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1. Sempre achei que a política enlouquece as pessoas. O que está acontecendo agora, com a perspectiva de um segundo turno entre Dilma Rousseff e Marina Silva na eleição presidencial, é a prova definitiva de que eu estava certo. Se isso acontecer mesmo, significará que já não somos um país, mas um DCE; não mais uma república federativa, mas uma ONG de 200 milhões de habitantes.

2. Dos 11 candidatos à Presidência da República, seis já foram do PT: Marina Silva, Luciana Genro, Eduardo Jorge, Mauro Iasi, Rui Costa Pimenta, Zé Maria e, claro, Dilma. Destes, Marina e Eduardo militaram nas hostes petistas por mais de duas décadas. Os outros são dissidentes à esquerda – acharam que a dose do veneno era insuficiente. Considerando que os velhos companheiros de partido até hoje torcem o nariz para Dilma, por causa de sua anterior adesão ao brizolismo, e se atentarmos para o curriculum vitae, Marina é a mais petista dos presidenciáveis.

3. Poucos notaram o fato de que Luiza Erundina é a coordenadora da campanha de Marina. É uma escolha emblemática. Marina tende a ser para o Brasil aquilo que Erundina foi para São Paulo: um desastre com direito a um Paulo Freire na Educação, Marilena Chauí na Cultura e Eduardo Jorge na Saúde. Opa! Falei Eduardo Jorge? Olha o homem aí de novo.

4. Alguns amigos dizem que anular o voto seria omissão. Que me desculpem, mas não penso assim. Às vezes, não existe o chamado candidato "menos pior". Querem alguns exemplos? Collor e Lula (Brasil, 1989); Fleury e Maluf (estado de São Paulo, 1990); Marta e Maluf (cidade de São Paulo, 2000); Stalin e Trotsky (Moscou, 1924). Também já aconteceu no Paraná.

5. Para meus amigos e conhecidos esquerdistas (e eu os tenho em grande quantidade), faço uma comparação. Escolher entre Marina e Dilma, para mim, é como se vocês tivessem de decidir entre Bolsonaro e Feliciano. Ou como aqueles condenados à morte norte-americanos que podem optar entre injeção letal ou enforcamento.

6. Além do DNA petista, duas coisas aproximam as candidatas Dilma e Marina: o idioma e o sovietismo. O dilmês e o marinês são línguas-irmãs. E ambas as candidatas apostam no fortalecimento dos conselhos populares como forma de organização política. A propósito: em russo, conselho se chama "soviete".

7. Então, por favor, não digam que estou sendo omisso. Na verdade, omissão seria não denunciar o absurdo de uma eleição presidencial ser decidida entre duas candidatas do Foro de São Paulo. Quero votar, não optar.

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