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Os últimos acontecimentos no setor elétrico têm causado muita preocupação aos brasileiros. A luz amarela está acesa, principalmente pela falta de investimentos e atrasos nas decisões e execução de obras, que viraram rotina tanto na geração como transmissão de energia elétrica. O país precisará regredir com o crescimento e adotar novamente as medidas de racionamento de energia, espantando assim os grandes investidores estrangeiros? Por que o discurso dos governantes sobre a falta de energia é sempre o mesmo, culpando São Pedro? Como se explicam tantos atrasos em obras de linhas de transmissão e subestações de energia que já deveriam estar em operação? Infelizmente, são perguntas sem respostas.

Os cortes de energia, que as concessionárias são obrigadas a cumprir por decisão do Operador Nacional do Sistema Elétrico, começaram em menor escala em 2014. O importe de energia da Argentina é outro indício de que as coisas não vão bem. O risco de déficit é iminente desde o início do século. A forte dependência de chuva, a queda nos investimentos, os entraves burocráticos atrelados ao aumento de consumo de energia são os principais responsáveis por o país viver essa crise. As usinas térmicas passaram a atuar a pleno vapor, ocasionando reajustes nas tarifas, já repassadas aos consumidores.

Temos políticas e ações isoladas em eficiência energética que precisam ganhar fôlego. Uma delas é colocar em prática alguns itens do Plano Nacional de Eficiência Energética (Pnef). Além disso, criar uma cultura de economia com relação aos níveis de consumo. O consumidor brasileiro pode colaborar, mas precisa ser incentivado a economizar. Por outro lado, políticas públicas poderiam ser disseminadas para que novos empreendedores surgissem e ao mesmo tempo pudessem ter segurança em participar de um mercado com inúmeras oportunidades. Essas políticas devem ocorrer nas duas pontas, no lado do consumo e da geração de energia. É notório que existe um potencial enorme no setor energético, contudo inexplorado.

Uma possível ideia seria a criação de uma lei estadual que incentivasse as ações em eficiência energética e que fosse realmente atrativa, beneficiando alguns setores que são estratégicos para o desenvolvimento do estado. Com isso, seria iniciada uma proposta de redução na dependência de recursos federais e o Paraná estaria dando uma resposta imediata para espantar a crise e ao mesmo tempo servindo de exemplo para o Brasil em termos de desenvolvimento sustentável. Dentro desta visão, os governos municipais também poderiam se aproximar das universidades locais para o desenvolvimento e ações em resposta a problemas pontuais, mesmo que os resultados surjam no médio e longo prazo, porque precisamos mais do que nunca no Brasil de uma política e gestão de continuidade das boas ideias.

O Crea-PR vem discutindo eficiência energética para as cidades há algum tempo e fazendo o diálogo com o poder público. Diante de tantos cenários no setor de energia, a única certeza é a urgência para uma mudança de direção. Enquanto permanecer no ar a insegurança trazida por planejamentos ineficazes, ações lentas e não houver diversificação na matriz energética, o Brasil continuará acendendo velas e lampiões. É simples perceber que o grau de confiabilidade energética decresce exponencialmente e o nível de investimento de capital estrangeiro continuará despencando junto com o crescimento econômico. É preciso olhar para frente e estabelecer um diálogo frequente para criar um entendimento definitivo entre a engenharia e o poder público.

Sérgio Luiz Cequinel Filho, engenheiro eletricista, é diretor do Crea-PR e coordenador nacional das câmaras especializadas de engenharia elétrica do Confea.

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