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editorial

Atenção ao Brasil

Mais atenção ao Brasil, pediu um líder congressista norte-americano ao governo de seu país, ao analisar o atual estágio das relações entre os Estados Unidos e o Hemisfério Ocidental. Para o deputado Elliot Engel, presidente do comitê de assuntos hemisféricos da Câmara de Representantes, vale a pena prestar mais atenção ao que está acontecendo no Brasil, onde um governo de esquerda moderada tem contribuído para consolidar uma democracia de base social que "representa os valores que buscamos em nossos parceiros".

De fato, procedem as observações do congressista norte-americano, quanto aos fatores positivos acumulados pelo Brasil: já contamos mais de uma década de estabilização econômica, as relações comerciais foram ampliadas para abarcar uma centena de países de todos os continentes e o pluralismo político exibe o padrão típico de democracia amadurecida. Tais elementos – segundo o deputado Engel – devem levar a diplomacia de Washington a atuar com mais empenho nas relações com nosso país.

O estreitamento de relações é de interesse mútuo, após o período de esfriamento que caracterizou o início do governo Lula: desconfianças de parte a parte se explicavam pela expectativa em torno da novidade representada pelo governo de origem sindical que se instalava em Brasília em 2003. Mas, após essa fase de perplexidade, as relações bilaterais começaram a se aquecer, com os encontros entre os presidentes Bush e Lula e, mais recentemente, a aproximação mútua decorrente da questão do etanol – uma fonte segura de suprimento de combustível renovável desenvolvida pelo Brasil após décadas de pesquisa.

Por outro lado a orientação geral da diplomacia brasileira ganhou um curso mais realista após o segundo mandato, como dá conta o recente périplo presidencial pela Europa. Após anos privilegiando o relacionamento com países emergentes, os formuladores de nossa política externa redescobriram as vantagens de aproximação com as nações da América do Norte, da Europa e com a parte desenvolvida da Ásia. Afinal, mercados que contam em volume e capacidade de inovação merecem grande atenção. Nossa política externa não pode se concentrar apenas nas afinidades ideológicas. Tanto que o giro do presidente Lula aos quatro países nórdicos, seguido por uma parada na Espanha, dinamiza janelas de comércio vitais para a economia brasileira.

Não obstante, o governo Lula ainda cultiva expectativas em relação a outros governos e regimes que podem ser caracterizados como "difíceis" - caso da Venezuela. O encontro da última quinta-feira em Manaus demonstrou quanto é infrutífera a tentativa de diálogo do presidente Hugo Chávez, que se auto-proclama um "socialista do século 21", mas que, na prática, toma decisões políticas dignas do século 19. O empenho de Lula em promover uma integração harmoniosa com aquele país esbarra na auto-suficiência do líder venezuelano, postura dificilmente superável e que precisa ser avaliada sob uma diretriz realista.

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