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| Foto: Marcelo Andrade/Gazeta do Povo

No Brasil, a maioridade civil se dá aos 18 anos. Para grande parcela dos jovens, é o momento de conclusão do ensino médio – portanto, fim da educação básica – e, para muitos, o ingresso na educação superior a fim de adquirir uma formação universitária que lhes permita o ingresso em uma profissão. É uma época da vida em que começam as preocupações com o futuro, o trabalho e os problemas da vida adulta. Pesquisas e estudos vêm apontando que, além dos medos de ordem individual (como o medo de morrer ou de perder os pais), dois medos recorrentes aparecem nos primeiros lugares: o medo da violência e o medo do desemprego.

Seguramente, esses dois medos acometem também os pais e a população em geral. Em ano eleitoral, vão pautar a campanha e serão os assuntos principais dos candidatos à Presidência da República e aos governos estaduais. É importante que a sociedade, por seus vários segmentos, estude, debata e entenda a complexidade dessas mazelas que, no Brasil, assumiram proporções de tragédia social e se tornaram os dois gigantescos desafios da nação como um todo. Em relação à violência, o Fórum Brasileiro de Segurança Pública produziu um estudo no ano passado sobre o grau de medo da população brasileira a partir de 16 situações de violência ou vulnerabilidade, sob o título “Medo da violência e apoio ao autoritarismo no Brasil”.

O crescimento necessário para trazer a taxa de desemprego à metade é inalcançável no curto prazo

O estudo contém diversas informações úteis para compreensão da situação social vigente no país, com destaque para a conclusão de que, quanto mais amedrontada, mais a população demonstra propensão para apoiar o autoritarismo. Sendo recordista em homicídios – mais de 60 mil pessoas assassinadas por ano –, os índices de criminalidade ajudam a desmoronar a confiança da população nas instituições. Segundo estudo realizado pela Fundação Getúlio Vargas em 2016, apenas 25% da população confia na polícia; 29%, no Judiciário; 11%, na Presidência da República; e 10%, no Congresso. A consequência imediata desse panorama é a descrença na democracia e o apoio a soluções políticas autoritárias.

O segundo medo de natureza social é o desemprego. Tenho fechado 2017 com 12,6 milhões de desempregados, equivalentes a 12% da força de trabalho, não é de estranhar que o desemprego atormente a mente dos jovens que entram na universidade e, principalmente, daqueles que se formam, como de resto é o principal flagelo de famílias e profissionais maduros. É bem verdade que o país está saindo da mais grave recessão de sua história, cuja característica é sempre alto desemprego, queda de salários médios e desestruturação financeira de milhões de famílias. Mas o desemprego e o subemprego (trabalho em tempo parcial) são tão elevados que o crescimento da produção nacional necessário para trazer a taxa de desemprego à metade é inalcançável no curto prazo.

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Em 27 de dezembro de 2017, o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) divulgou projeções e informou que, se a economia brasileira crescer 3% em 2018, deverão ser gerados 1,78 milhão de empregos no ano. Para gerar 2 milhões de empregos formais, o PIB teria de crescer 3,5%, diz o MTE. Para um país que tem 12,6 milhões de desempregados e outros 6 milhões em subemprego, é muito pouco. O desemprego continuará elevado. Adicione-se a esse quadro um fenômeno moderno que dificulta a elevação do nível de emprego à medida que o PIB cresce. Trata-se da velocidade com que a tecnologia vem se espalhando pela economia e revolucionando os processos produtivos, cujo efeito é mais produto com menos gente. As tecnologias que permitem aumentar as quantidades produzidas usando menor número de trabalhadores provocarão alteração no mundo do trabalho e obrigarão as nações a descobrir formas de resolver o problema do desemprego e contribuir para diminuir o pânico dos trabalhadores. É uma tarefa difícil, para a qual não há solução simplista.

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