A edição da última quarta-feira da Gazeta do Povo traz duas reportagens bastante preocupantes em áreas de interesse direto da população: a segurança e a saúde. A primeira delas diz respeito à situação em que se encontra a Polícia Federal na região de Foz do Iguaçu, a chamada Tríplice Fronteira, composta por Brasil, Argentina e Paraguai. Apesar das reiteradas garantias dos governantes, principalmente às vésperas de eleição, da adoção de um sem-número de medidas para conter o contrabando de armas e mercadorias, o tráfico de drogas e o roubo de carros, a realidade que se vê é outra. São 11 municípios para serem policiados na região limítrofe com o Paraguai e a Argentina, que se somam aos 170 quilômetros do lago de Itaipu. Para essa tarefa de gigantes, a corporação dispõe hoje de um efetivo de apenas 354 agentes e quatro postos fixos de controle. O trabalho jornalístico também mostra que, além da limitação de pessoal, a instituição é carente de equipamentos para o combate ao crime, como radares, helicópteros e lanchas blindadas para monitoramento e patrulhamento, além de armamento mais sofisticado.
Recorde-se que nos embates da última campanha presidencial, os candidatos José Serra e Dilma Rousseff fizeram muitas promessas de reforço no policiamento da região como forma de fechar as fronteiras à ação de traficantes e contrabandistas. A realidade, entretanto, parece ser outra, a começar pelo corte de R$ 1,5 bilhão no orçamento de R$ 4,7 bilhões inicialmente previstos para o Ministério da Justiça, a quem a PF está subordinada.
Enquanto a situação é de preocupação crescente, projetos que garantiriam mais segurança à Tríplice Fronteira esperam pela vontade política para serem implementados. São eles o Gabinete de Gestão Integrada, unindo as forças de segurança federal, estaduais e municipais, o Policiamento Especializado de Fronteira e o Veículo Aéreo Não Tripulado para fazer a fiscalização da região.
A segunda notícia que gera apreensão diz respeito ao enorme passivo que tem o estado do Paraná na área da saúde. Segundo dados provenientes do Diagnóstico da Situação Estrutural e Administrativa do Paraná, divulgados pelo governo do Paraná na última semana, o rombo chega a R$ 130 milhões decorrente de dívidas e compromissos herdados do governo Roberto Requião. Um dos setores mais problemáticos é o dos hospitais que foram construídos na gestão anterior. Informa a Secretaria da Saúde que em alguns faltam pessoal e equipamentos para que possam funcionar, e em outros as obras civis apresentam problemas de ordem técnica. Algumas dessas falhas que foram levantadas: piso de um centro de esterilização, que não suporta o peso dos equipamentos, e uma UTI neonatal e um centro cirúrgico pequenos para a demanda do hospital.
Tanto segurança como saúde são temas particularmente delicados e que mexem diretamente com a vida dos cidadãos. Justamente por isso não faltam promessas de candidatos e governantes de providências para uma e outra área. Promessas que na verdade acabam ficando, na maioria das vezes, apenas na intenção, enquanto a população se vê cada vez mais acuada pelo crime e sem condições de obter um atendimento médico-hospitalar à altura da necessidade.



