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Naquele delírio típico de quem se julga o único representante do povo, o PT achou que poderia parar o país nesta sexta-feira, dia 10, com uma “greve geral contra o golpe, pelo fora Temer e por nenhum direito a menos”, segundo texto do presidente do partido, Rui Falcão, publicado no site da legenda na segunda-feira. Pois nem as centrais sindicais, tradicionais satélites do petismo, embarcaram na megalomania, e já avisaram que não há condições para tal mobilização neste momento. “A fala do Rui Falcão está descolada da realidade do que estamos vivendo com os trabalhadores”, disse à Folha de S.Paulo o presidente da CUT paulista, Douglas Rizzo.

Os sindicalistas afirmam que uma greve geral só aconteceria depois que o presidente interino, Michel Temer, lançasse um “pacote de maldades” com “retirada de direitos”. Obviamente teriam de ser maldades de tal magnitude que fizessem a população esquecer que foram as políticas da presidente afastada, Dilma Rousseff, que lançaram o país no desemprego – as mesmas políticas, aliás, que continuam a ser defendidas pelo PT e pelas centrais sindicais que lhe são devotas, a julgar por documentos como os emitidos pela Fundação Perseu Abramo, o think tank petista.

A orientação da APP-Sindicato para esta sexta-feira é partir para a doutrinação pura e simples dos alunos

Mas, com ou sem greve, certo é que a esquerda se mobilizará em várias cidades, como São Paulo e Curitiba. E é no Paraná que se verifica uma das facetas mais nefastas do projeto petista de poder, que a APP-Sindicato, entidade que representa os professores da rede estadual, nem se preocupa em esconder.

Isso porque a orientação da entidade para esta sexta-feira não é a de paralisar as atividades, deixando os estudantes em casa, sem aula. A estratégia é outra, descrita em uma página do site do sindicato sob o título “Orientações para o dia 10 de junho”: partir para a doutrinação pura e simples dos alunos. Entre as instruções está a impressão e distribuição “junto à comunidade escolar” de um panfleto segundo o qual “em um mês como presidente interino do Brasil, Michel Temer colocou o Estado a serviço do capital financeiro internacional” e, se aprovada a reforma da Previdência, o brasileiro terá de “trabalhar até morrer”. Até mesmo “FGTS, férias, Previdência Social, 13.º salário e licença-maternidade” estariam ameaçados com Temer, acrescenta o panfleto.

Além disso, a APP orienta os professores a, nesta sexta-feira, organizar um “debate” (que de debate mesmo não teria nada, pois é irreal imaginar que haveria espaço para o contraditório) com base no panfleto e em vídeos sugeridos pela APP, entre os quais uma palestra em que a professora de Filosofia Márcia Tiburi alerta para “o avanço do fascismo e do conservadorismo” no Brasil. Por fim, sugere-se “que seja proposta à comunidade escolar a criação de Comitês Escolares Contra o Golpe e Favor da Democracia e da Educação Pública. O Comitê consiste na organização de um grupo de pessoas, composto por professores(as) funcionários(as), estudantes, mães, pais ou responsáveis, que farão o debate da conjuntura. Também organizarão ações para denunciar o golpe contra a democracia, além de ajudar nos atos organizados pela Frente Brasil Popular ou pela Frente Povo Sem Medo”.

Se aqueles professores convictos de que Dilma é vítima de um golpe querem ir à Santos Andrade protestar, estão no seu direito. O que não podem, de maneira alguma, é usar o ambiente escolar para propagar sua ideologia aproveitando-se do público cativo que têm à disposição em sala de aula, negando aos estudantes os conteúdos que deveriam ser lecionados para substituí-los por doutrinação política e pela busca de massa de manobra para seus atos. Esse é um abuso que não diz respeito apenas aos alunos, pais e mães atingidos; deve preocupar toda a sociedade.

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