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O governador do estado ocupou ontem boa parte do tempo da reunião semanal com seus auxiliares – a conhecida "escolinha" –, para tecer críticas à manchete da última segunda-feira deste jornal. S. Exa. não gostou do título estampado em nossa primeira página – "Litoral do Paraná sofre com descaso do governo e da população". Usando os recursos de emissora pública de tevê, ele acusou a Gazeta do Povo de estar a serviço da oposição e enquadrou como crimes de calúnia, injúria e difamação o que dados oficiais, produzidos pelo seu próprio governo, apontam: 81% das praias do Paraná estão poluídas por esgotos e são impróprias para banho.

A natureza do comportamento do sr. Roberto Requião é conhecida de todos. Portanto, não surpreende a ninguém o destempero com que freqüentemente ataca aqueles a quem considera seus desafetos. Não é o caso, neste espaço editorial, de contestar os argumentos brandidos por S. Exa. São sobejamente conhecidos os problemas de saneamento e as deficiências infra-estruturais que fazem do nosso litoral uma das mais deprimidas regiões do estado. Fato incontestável e devidamente confirmado por todos os estudos oficiais – aliás, frise-se, as principais fontes de que se valeu a nossa reportagem.

A questão que se coloca não é, pois, de natureza técnica, mas de ética e de respeito. S. Exa. crispou-se contra este jornal por vê-lo reproduzindo aquilo que, além de verdadeiro, faz parte da generalizada percepção coletiva. Ora, informar com responsabilidade e esclarecer seus leitores fazem parte do papel da imprensa socialmente responsável – e a Gazeta nada mais fez do que cumprir esse papel. Ao acusar o jornal de cometer crimes previstos na Lei de Imprensa, S. Exa. faltou à ética e ao respeito. Falta à ética por utilizar recursos públicos no intuito de induzir a opinião pública a acreditar naquilo que considera ser verdade absoluta e falta de respeito ao mais elementar dos direitos democráticos – o direito à liberdade de expressão.

Na falta de argumentos mais consistentes, o governador prefere apelar ao populismo das bravatas e do ataque fácil para esconder alguns fracassos de sua administração. Um deles é o de não ter apresentado até agora – ano final de sua gestão – um projeto claro de desenvolvimento para o litoral, cujas potencialidades turísticas e econômicas permaneceram praticamente ignoradas.

Melhor faria S. Exa. se se ocupasse produtiva e inteligentemente a governar mais e se promover menos. Os recursos que gastou para alardear em outdoors a discutível pesquisa que o coloca com 83% de aprovação popular certamente fazem falta à tarefa de tirar o litoral da maré baixa a que foi relegado.

Sindijor repudia ameaça de Requião à Gazeta do Povo

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