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Editorial

O futuro com o etanol

Sem nenhuma dúvida, a demanda mundial pelo biocombustível significará um extraordinário impulso na criação de empregos em todas as frentes de geração de riqueza. O Paraná é um dos estados que mais poderão se beneficiar

O próximo 8 de março poderá ficar registrado na História como o dia em que o Brasil deu início à consolidação de seu papel decisivo na luta para a redução da dependência mundial do petróleo. Nesta data, em Brasília, os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e George W. Bush darão os primeiros passos para firmar acordos entre os dois países, para o desenvolvimento e produção de biocombustíveis. No fim do mês, Lula retribui a visita para oficializar em Washington os termos desses acordos.

Detentor já há mais de três décadas de tecnologia para a produção de álcool a partir da cana-de-açúcar, com clima propício e vastas extensões territoriais apropriadas ao plantio da matéria-prima, e já com uma grande e exitosa experiência na utilização dessa alternativa para movimentar sua frota – o Brasil abre definitivamente as perspectivas de vir a se tornar um dos maiores, senão o maior, fornecedor global do produto. O mundo industrializado está ávido por essa solução, e o Brasil tem tudo para oferecê-la.

De fato, os acordos bilaterais com os Estados Unidos abrem um extraordinário mercado para o etanol brasileiro. Consumidor pantagruélico de petróleo, o país de Bush pretende reduzir, nos próximos dez anos, em pelo menos 20% o consumo interno de gasolina e diesel, substituindo-os por combustíveis renováveis. Embora já tenham ultrapassado o Brasil na produção de etanol, os americanos dependerão de maciças fontes externas para garantir suas necessidades de abastecimento, se quiserem cumprir a meta.

É principalmente nisto que o Brasil tem tudo para se beneficiar. Hoje, apesar das barreiras tarifárias impostas, os produtores brasileiros já embarcam anualmente para os Estados Unidos 1,5 bilhão de litros – metade de tudo o que se exporta. A previsão é de que seja necessário decuplicar esse número para atender ao previsto incremento das importações norte-americanas.

Somente este mercado adicional já será suficiente para garantir uma espetacular expansão de toda a cadeia produtiva do álcool – do plantio às refinarias, além dos indispensáveis complementos logísticos de comercialização, armazenamento e transporte. O que, sem nenhuma dúvida, significará um extraordinário impulso na criação de empregos em todas as frentes e de geração de riqueza. O Paraná é um dos estados que mais poderão se beneficiar.

As boas perspectivas crescem também à medida que outras nações industrializadas – pressionadas pelos tratados internacionais que as obrigam a reduzir os níveis de poluição atmosférica – passem a valer-se da alternativa do etanol, multiplicando dessa forma as chances de o Brasil ser eleito seu principal fornecedor.

Nosso país não é o único no mundo com condições de produzir etanol a partir da cana-de-açúcar. Abaixo da linha do Equador, praticamente todos podem fazê-lo. Nossa vantagem está no pioneirismo, no domínio tecnológico e na estrutura industrial já montada. Cabe agora aos governos, utilizando-se dos meios adequados que detêm, incentivar a adesão de produtores nacionais para que o Brasil continue mantendo sua presença estratégica no setor.

É o que se espera que façam os governos federal e estadual.

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