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Em momentos difíceis da vida nacional, é comum perceber as pessoas desanimadas com o futuro e sem saber bem o que fazer. Na maior parte do tempo, porém, especialmente na vida cotidiana, essas mesmas pessoas mostram uma imensa inclinação a fazer o bem àqueles que estão a seu redor. E, se a internet tornou possível ampliar o alcance das condutas reprováveis, aumentou da mesma forma a capacidade de fazer o bem. Na semana passada, uma reportagem desta Gazeta do Povo demonstrou isso. O paranaense Lucas Gomes está fazendo uma “vaquinha virtual” para ajudar seus pais a custear seus estudos nos Estados Unidos. O jovem foi aprovado em nada menos que 14 instituições de ensino. Antes da publicação da história, que foi replicada por formadores de opinião, tinha arrecadado R$ 14 mil. Dois dias depois, o valor já tinha chegado a mais de R$ 51 mil.

Nossas convicções: Ética e a vocação para a excelência

A sabedoria popular intui que fazer o bem é algo que se paga em si mesmo e se justifica por si mesmo. Filósofos tão distantes quanto Platão ou Kant dão razão a essa compreensão, mas há uma série de pesquisas que mostram que atitudes generosas como doar dinheiro ou tempo aos outros, ajudar pessoas desconhecidas e fazer trabalho voluntário estão ligadas a maiores níveis de felicidade e ao bom funcionamento das sociedades. Faz-se um bem, colhem-se muitos outros.

Pequenas ações guardam grandes e profundas lições

Pode parecer uma anedota que o bilionário Warren Buffet tenha dito de sua decisão de doar 99% de sua fortuna para instituições filantrópicas que “não poderia estar mais feliz”, mas ele parece estar coberto de razão. Em 2010, um estudo de nove pesquisadores, coordenado por Michael Norton, da universidade de Harvard, analisou dados de 136 países e encontrou uma correlação significativa entre ajudar os outros e níveis mais elevados de felicidade, em países pobres e ricos. Outros experimentos confirmaram a hipótese. Os pesquisadores são claros: “Nossas descobertas sugerem que a recompensa experimentada por ajudar os outros pode estar profundamente arraigada na natureza humana, emergindo em contextos culturais e econômicos diferentes”.

Nossas convicções: A finalidade da sociedade e o bem comum

Diversos outros estudos já encontraram também correlações entre capital social e disposição para a doação em uma sociedade. Ou seja, quanto mais rico o tecido social, quanto mais as pessoas confiam umas nas outras e se organizam em associações, mais têm disposição para ser generosas. É uma via de mão de dupla: quem doa espera que a doação de fato faça o bem para o outro e, por isso, os mais engajados acabam se organizando para garantir a efetividade das ações individuais. Pereniza-se o empreendimento coletivo, quase sempre nascido de um primeiro impulso por resolver uma situação urgente. Por outro lado, quanto mais as pessoas se organizam, mais fomentam a confiança e aumentam a eficiência de suas ações, tornando os outros mais propensos a continuar contribuindo da forma que puderem, seja com tempo, habilidades ou dinheiro. Forma-se um círculo virtuoso no qual todos saem ganhando.

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O Brasil tem níveis de confiança historicamente baixos – apenas 7% dos brasileiros confiam na maioria das pessoas – e não admira que esteja em 75º lugar entre 139 países no ranking dos países que mais ajudam os outros. O índice é construído a partir de três pilares: se, no mês anterior à coleta de dados, as pessoas ajudaram um estranho, doaram dinheiro para uma instituição de caridade ou se fizeram algum trabalho voluntário em uma organização. Temos muito ainda a fazer. Em geral, sociedades prósperas e saudáveis têm resultados melhores e a África tem se destacado como uma região do mundo onde as pessoas têm se doado cada vez mais. Uma doação, além de um bem em si mesmo, é parte de um investimento que trará um retorno ao bem comum de toda a sociedade. Muitas vezes, pequenas ações guardam grandes e profundas lições.

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