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Urna eletrônica
Urna eletrônica| Foto: ASICS/TSE

“Pela primeira vez não vamos ter um candidato de direita na campanha. Não é fantástico isso? Querem conquista melhor do que em uma campanha a gente não ter nenhum candidato de direita?”, afirmou, em 2009, o então presidente Lula durante um discurso, em mais uma das inúmeras ocasiões em que ele demonstrou sua concepção bastante peculiar de democracia, aquela em que a direita é silenciada. Não, não há nada de “fantástico” nem de “conquista” quando o eleitor não tem à disposição, diante da urna, um leque amplo de concepções a respeito dos temas que lhe são caros e fica impossibilitado de escolher, já no primeiro turno, quem tenha um ideário ao menos semelhante ao seu.

Felizmente, nos últimos anos o pensamento de direita, o conservadorismo na pauta de costumes e o liberalismo econômico recuperaram carta de cidadania e viabilidade política no debate público brasileiro, após décadas relegados ao ostracismo. A chamada “janela de Overton” – o “intervalo” dentro do qual estão as ideias que um candidato pode defender para ser eleitoralmente viável – foi alargada e uma multidão de brasileiros que se resignava a optar por “males menores” passou a se ver representada por postulantes ao Palácio do Planalto. A variedade de respostas possíveis aos enormes desafios que a realidade coloca diante do Brasil se tornou muito maior – e só mentes autoritárias, fechadas ao debate, haverão de lamentar que isso tenha ocorrido.

Executivo e Legislativo que tenham consciência do que precisa ser feito deixarão um legado positivo que transcende os quatro anos da próxima legislatura e dos próximos mandatos de presidente e governadores

Quais são os papéis do Estado, da iniciativa privada e da sociedade civil organizada na economia e na oferta de serviços básicos? Qual é o alcance da liberdade de expressão, da liberdade econômica, da liberdade religiosa, da liberdade de imprensa, do direito de propriedade? Como combater o preconceito em suas várias formas? Quem são os brasileiros mais vulneráveis, e como eles devem ser protegidos e ajudados? Como colocar o Brasil em uma rota de crescimento econômico sustentável que proporcione prosperidade e bem-estar ao máximo possível de cidadãos? Como lidar com a violência urbana, o crime organizado e a corrupção? Como fortalecer uma democracia ainda jovem, que sofre de “dores de crescimento”? Cada brasileiro se faz essas perguntas e cria sua hierarquia de temas que merecem maior prioridade ou relevância. Para cada questão, há tantas respostas possíveis quanto candidatos aos cargos que estão em jogo neste 2 de outubro.

E o futuro do país depende da escolha de quem ofereça as melhores respostas. Executivo e Legislativo que tenham consciência do que precisa ser feito deixarão um legado positivo que transcende os quatro anos da próxima legislatura e dos próximos mandatos de presidente e governadores. Por outro lado, um governo e um Congresso apegados às respostas erradas criam buracos dos quais um país só consegue sair depois de muito sacrifício, que invariavelmente cai nas costas dos brasileiros mais pobres ou mais indefesos. Toda eleição é crucial para o Brasil, mas não exageramos quando afirmamos que esta – realizada após uma pandemia que abalou completamente nosso modo de vida e em meio a uma série de incertezas globais e locais, com grandes potências em guerra e ataques à democracia em âmbito interno – traz consigo uma importância ainda maior.

Ao longo desta campanha, a Gazeta do Povo expôs ao leitor-eleitor os nossos desejos para o Brasil. Esperamos que a leitura tanto desses desejos quanto de nossas convicções, publicadas em 2017, tenha servido como ajuda para uma escolha que é única e exclusivamente de cada um, diante da urna eletrônica e de sua consciência. Sabemos que nem todos concordarão conosco em tudo, ou terão as mesmas prioridades que elencamos, mas temos a esperança de que também os que discordam compreendam que há todo um conjunto de ideias com as quais verdadeiros democratas dialogam, em vez de tentar calar.

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