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Na atual crise da água que vive São Paulo se torna evidente a necessidade de pensar no futuro, dada a evolução do aquecimento global e suas consequências para o dia a dia das pessoas. Pensar no futuro é visar à educação como prioridade. Nesse sentido avança em termos globais a proposta que inclui e amplia a educação ambiental, transformando-a em Educação para o Desenvolvimento Sustentável (EDS).

É bom esclarecer o que significa educar para o desenvolvimento sustentável. Trata-se de incorporar ao currículo temas cruciais para o futuro, como as mudanças climáticas, a redução do risco de desastres, a diminuição da biodiversidade, a redução da pobreza e o consumo responsável entre outros temas. O conceito transcende a questão do meio ambiente, ou seja, deve envolver a economia e justiça social.

Mas não se trata de somente incorporar esses conteúdos ao currículo, mas também mudar as formas de ensino. A EDS exige modelos participativos, que motivem os alunos e lhes possibilite ter autonomia. Deve servir para transformar hábitos e condutas. O pensamento crítico, a capacidade de construir cenários futuros e a habilidade para tomar decisões de modo colaborativo são somente algumas das competências que se podem relacionar.

Recomenda-se que a sustentabilidade se incorpore aos currículos de modo transversal às distintas disciplinas e desde os primeiros anos escolares, para que as crianças cresçam com costumes sustentáveis. O desenvolvimento sustentável é um tema chave, que definirá o rumo da educação no século 21. Hoje é impossível pensar em uma educação de qualidade que não contemple essa abordagem entre suas prioridades.

No contexto de crise ambiental global, a EDS não somente permite tomar consciência, mas também pode ajudar, por exemplo, as pessoas a se defenderem dos possíveis efeitos da situação, ensinando os alunos a cuidar da água, separar os resíduos ou consumir menos plástico, entre outras práticas responsáveis. Mas, além disso, pode salvar vidas, como ocorreu com o assim chamado "milagre de Kamaishi", uma das cidades japonesas afetadas pelo terremoto e posterior tsunami em março de 2011, e na qual morreram mais de 1 mil pessoas. No entanto, entre as vítimas não houve nenhum estudante de nível primário ou médio por conta do trabalho de sensibilização e treinamento realizado pelos professores junto às escolas da cidade. A partir desse resultado, as estratégias educacionais e metodologias de ensino e treinamento como resposta a desastres naturais foram consagradas, tornando-se referência mundial para iniciativas nessa área.

A ONU considera que a EDS é uma visão nova de educação, uma abordagem que ajuda as pessoas de qualquer idade a compreender melhor o mundo em que vivem, tomando consciência da complexidade e interdependência de problemas como a pobreza, o consumo exagerado, a deterioração do meio ambiente natural e das cidades, o crescimento demográfico, a saúde, os conflitos e a violações de direitos humanos que ameaçam o futuro da humanidade.

A Conferência da Unesco de Aichi-Nagoya, em novembro de 2014, definiu os próximos cinco anos para a implementação de um programa de ação global de EDS, com cinco áreas prioritárias para a sua execução que são: promover políticas; integrar as práticas da sustentabilidade nos contextos pedagógicos e de capacitação; aumentar as capacidades dos educadores e formadores de opinião; fortalecer e mobilizar a juventude apoiando-os como agentes de mudança e incentivar as comunidades locais e autoridades municipais a desenvolver programas de EDS de base comunitária. Bastante objetivo, só falta vontade e ação política para sua implementação em todos os níveis.

Reinaldo Dias é professor da Universidade Presbiteriana Mackenzie Campinas, mestre em Ciência Política e doutor em Ciências Sociais pela Unicamp.

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