Jornalistas de diversos veículos jornal, rádio, televisão, blogs, portais têm demonstrado, nesses últimos dias, viva e candente indignação. Isto porque inominável heresia! o presidente do Tribunal de Justiça do Paraná determinou a realização de pregão eletrônico para a aquisição de cinco camionetas "de luxo", para transporte de equipes da Corregedoria e da presidência, nas constantes viagens ao interior do estado.
"O Judiciário do Paraná tem outras prioridades", vocifera um; "vejam só o carro que eles querem, tem até GPS e som digital", brada outro, apoplético; "o freio é ABS e o câmbio é automático", grita o colérico comentarista, à beira de um ataque de nervos. E aí por diante. Itens de fábrica, para carros desse modelo, aptos a transportar sete passageiros, transformam-se em opcionais desprezíveis, luxo só, na visão dos rigorosos censores. "Deveriam comprar carro de menor valor", fustigam. A julgar pela quantidade de tempo e tinta gastos com os irados comentários, tem-se a impressão de que o noticiário anda meio pobre, aqui pela terra das araucárias...
A empresa vencedora indicou valor unitário de R$ 173.990 para o fornecimento dos veículos quase R$ 870 mil, no total. Estamos construindo, hoje, no Paraná, 26 prédios, a quase totalidade destinada a abrigar fóruns, no interior. Alguns deles estavam quase desabando. São R$ 243 milhões em obras. Com os R$ 91 milhões pagos pela desapropriação do prédio da Rua Mauá, em Curitiba, de 31 mil m², são mais de R$ 330 milhões em edificações novas.
Nesses 20 meses de gestão, foram criados quase 150 cargos de juiz de Direito. Despesa anual aproximada, de R$ 45 milhões. Foram instaladas 76 varas judiciais e três comarcas, contratados quase 1,2 mil assessores para os magistrados, em todo o Paraná. Foram nomeados perto de 700 servidores para aumentar a produtividade, acelerar o andamento dos processos, melhorar a qualidade dos serviços prestados à população.
Calculem os iluminados jornalistas o montante dessas despesas: por baixo, mais de R$ 85 milhões por ano. Só com estagiários aí incluídos os de pós-graduação acrescentem-se R$ 25 milhões. E isso ainda é pouco: milhares de computadores, impressoras, mobiliário, materiais diversos. Assim, nesse cálculo aligeirado, atingimos quase R$ 500 milhões, investidos na ampla modernização do Judiciário paranaense. As tais camionetas representam, pois, algo ao redor de 0,16% desses investimentos. E foram adquiridas para transportar, com segurança, magistrados e servidores, cujas vidas, para a direção do TJ, não têm preço.
Segunda-feira passada, inauguramos o Fórum da CIC, que atenderá população estimada em 240 mil pessoas. Silêncio sepulcral nesses órgãos sensacionalistas. Estava lá, apenas, competente equipe da TV Educativa. Na Gazeta do Povo, dias antes, mísera notinha em página interna. Depois, absolutamente nada nem uma fotografiazinha três por quatro, para mostrar como ficou bonito e funcional aquele fórum descentralizado.
Será que os jornalistas noticiarão, no dia 9, às 17 horas, a inauguração do Fórum da Família, Infância e Juventude, na Rua da Glória? Prédio novo, mais de 8 mil m², que acolherá condignamente os cidadãos curitibanos, advogados, promotores, servidores e juízes. Pelo andar da carruagem, melhor não nutrir muita esperança...
Tem-se a impressão de que o objetivo único é desinformar a população, despertar rancores, distorcer, ironizar, menoscabar. Informação boa, ao que tudo indica, é a negativa. Jornalista competente é aquele que espiolha o lado negativo e faz que a opinião pública, reduzida à expressão simplória de massa de manobra, expresse opiniões equivocadas, na mais densa e santa ignorância.
Ninguém pretende unanimidade. O direito à crítica é inalienável. Mas ao menos forneçam ao leitor dados completos. Por favor, não fragmentem a realidade, agindo com parcialidade. Peço-lhes, uma vez mais: façam justiça ao Judiciário do Paraná!
Miguel Kfouri Neto, desembargador, é presidente do Tribunal de Justiça do Paraná.



