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Artigo

“Vem, meu amor, bandeira branca, eu peço paz”

Quando fatos lamentáveis como os do primeiro dia de fevereiro acontecem, todos correm para dar suas versões, apresentar suas visões e apontar culpados. Isso é normal. Mas precisamos conversar novamente, outra vez e mais outra, até quantas vezes forem necessárias, para que aprendamos que ocorrências como as do Largo da Ordem, em 2012 no pré-carnaval; como a que houve no mês passado, na Rua São Francisco; esta, da Marechal; e ainda tantas outras ocorridas país afora não venham a se repetir. Elas não educam.

A nossa juventude, os artistas, os produtores culturais e os foliões não merecem ser encurralados, amedrontados e agredidos de forma alguma. Ocupar as ruas é um direito das pessoas, e música, cultura, arte nas ruas é uma forma de ritualizar a paz. Foliões que brincam nas ruas o fazem com alegria, e felicidade só pode propagar felicidade. Quanto menos solidão nas ruas, menos perigosas elas ficam. Um acaba protegendo o outro.

Defendemos tanto as famílias e, em episódios como esses, nossos filhos, pais e idosos são todos desproporcionalmente maltratados. As escolas de samba e os blocos de carnaval são espaços nos quais brincam crianças com seus pais, mães e avós. Esses pais, mães e avós são os criadores, ao longo da história, dessas manifestações, canções, batuques e fantasias, criadas para o encontro em praça pública e para festejar a beleza de viver em comum, a unidade. Quais as razões de tanta dificuldade em se respeitar isso?

Temos a preocupação de que o cenário das escolas de samba, cenário esse escolhido por elas, seja protegido pacífica e tranquilamente. O carnaval será daqui a uma semana: que campanha educativa, que ações serão tomadas para que aprendamos a nos comportar como poderes constituídos, como entidades, artistas e foliões envolvidos no exercício da liberdade e alegria nesta cidade?

Quantas vezes forem necessárias, cantaremos "Vem, meu amor, bandeira branca, eu peço paz" na fé de que um dia possamos brincar de fato alegremente. Nós, do Garibaldis e Sacis, todo o ano damos algumas dicas para que a paz se estabeleça na avenida, o "guia do folião". "Ô abre alas que eu quero passar": deixe o carro em casa, venha de ônibus, de bicicleta, para aproveitar melhor a diversão. "Mamãe, eu quero mamar!": beber demais não está com nada! Bebendo com moderação, dá para aproveitar toda a festa. E evite a desidratação bebendo muita água! "Ô balancê, balancê, quero dançar com você": azaração no carnaval só é divertida quando há respeito. Fique longe de quem não está na mesma sintonia. "As águas vão rolar": nos dias de pré-carnaval e carnaval há banheiro químico em toda a extensão da Marechal Deodoro. Xixi nas ruas é a maior furada! "Paz e amor, paz e amor, guerra não senhor": a gente quer é brincar! Deixe pra lá o desavisado que não quer. Não revide e lembre-se: violência gera violência. Ignore e divirta-se!

Itaercio Rocha é presidente da Associação Recreativa e Cultural Amigos do Garibaldis e Sacis.

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