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Encontro da Aepar

Setor produtivo do PR critica reforma tributária e pede fim da “sufocação” fiscal

Encontro da Aepar com presidentes de entidades ligadas ao setor produtivo no Paraná debateu os rumos da economia nacional
Encontro com presidentes de entidades ligadas ao setor produtivo no Paraná debateu os rumos da economia nacional (Foto: Tyrone Hirt Stachera/AEPAR)

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Empresários paranaenses subiram o tom contra Brasília. O II Encontro de Presidentes da Associação dos Empresários do Paraná (Aepar), em Curitiba, reuniu líderes dos principais setores produtivos do estado em torno de um diagnóstico comum: a política fiscal federal está inviabilizando quem produz. Reforma tributária, falta de previsibilidade e excesso de tutela estatal foram os alvos das críticas mais duras ao governo em debates sobre os desafios de 2026.

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O presidente da Aepar, Carlos Gloger, abriu o encontro destacando a união das entidades em torno da defesa do setor produtivo paranaense. “O que temos visto é um ambiente de negócios sufocado por uma política fiscal que não premia quem produz, mas quem consome o dinheiro público”, criticou.

Para ele, 2026 será um ano decisivo para reposicionar o papel do empresariado no debate público. “Precisamos de mais protagonismo e menos tutela estatal. A Aepar não é oposição a governos, e sim uma entidade que exige coerência e responsabilidade econômica.”

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O presidente da Federação das Empresas de Transporte de Cargas do Estado do Paraná (Fetranspar), Sérgio Malucelli, concentrou críticas à reforma tributária, além de apontar riscos logísticos para o estado. “A reforma vai penalizar o setor de serviços e não resolve o desequilíbrio federativo. Continuaremos recolhendo 80% e recebendo 12% de volta”, disse.

Malucelli também atacou a PEC que restringe o alcance da Justiça sobre parlamentares, chamada de PEC da Imunidade ou PEC da Blindagem. “Isso é um retrocesso moral. Como explicar que um deputado precise da autorização dos pares para responder judicialmente? É uma vergonha nacional”, opinou.

No aspecto de infraestrutura e logística do Paraná, Malucelli enfatizou o que aposta como gargalos nos transportes rodoviário e ferroviário. “O custo logístico do Brasil é uma anomalia. No Paraná, ainda dependemos de concessões que se arrastam e de rodovias que não recebem o investimento prometido. O transporte de cargas vive um impasse, e sem resolver isso, a competitividade do nosso estado fica comprometida”, alertou.

O presidente da Fiep (Federação das Indústrias do Estado do Paraná), Edson Vasconcelos, reforçou críticas à carga tributária e defendeu um pacto de eficiência produtiva. “O empresário brasileiro trabalha metade do ano para pagar impostos. Isso é incompatível com o desenvolvimento. Temos insistido que o foco precisa ser produtividade e segurança jurídica, não mais burocracia.”

Ele também ressaltou que o setor industrial enfrenta custos crescentes e instabilidade regulatória. “Sem previsibilidade, não há investimento. E sem investimento, não há emprego.”

O secretário-geral do Sistema Ocepar, que representa as cooperativas instaladas no estado, Luiz Baggio, destacou a necessidade de estabilidade e respeito ao segmento. “O cooperativismo paranaense é responsável por uma fatia significativa do PIB estadual, mas tem sido tratado de forma desigual em relação a outros setores. A reforma tributária precisa reconhecer que a cooperação é o motor da economia real, não uma exceção fiscal”, afirmou.

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Em meio à discussão sobre o ambiente político nacional, Sérgio Malucelli fez referência à possibilidade de um político paranaense disputar a Presidência da República em 2026 — numa clara alusão ao governador Ratinho Junior (PSD). “É a primeira vez em anos que se fala de forma concreta em um candidato que possa representar o Paraná. Isso é positivo, mas ainda vejo pouca força para furar a bolha política de Brasília e São Paulo”, avaliou.

Malucelli ressaltou que o debate é saudável e que, independentemente da candidatura, o Paraná precisa se afirmar nacionalmente. “Nosso estado tem o melhor ambiente de negócios do país, mas falta musculatura política. Precisamos ser respeitados em Brasília como motor da economia e não apenas como coadjuvantes.”

O presidente da ACP (Associação Comercial do Paraná), Antonio Deggerone, seguiu a mesma linha e defendeu uma atuação mais firme das entidades empresariais. “O Brasil está perdendo a noção de responsabilidade fiscal. O governo fala em combater desigualdades, mas cria novos tributos e aumenta o custo do crédito. A iniciativa privada precisa se fazer ouvir”, declarou.

Na visão do presidente da Abimad (Associação Brasileira das Indústrias de Móveis de Alta Decoração), Paulo Mourão, o setor moveleiro enfrenta desafios semelhantes. “A indústria de móveis sofre com a retração do consumo e com a insegurança nas políticas de exportação. Precisamos de um governo que estimule a produção, e não que a inviabilize por meio de impostos cumulativos e entraves aduaneiros.”

O presidente da Abramilho (Associação Brasileira dos Produtores de Milho e Sorgo), Paulo Antonio Bertolini, destacou o impacto da instabilidade cambial e das políticas ambientais sobre o agronegócio. “O campo tem sustentado a economia, mas está sendo penalizado por uma agenda ideológica. A produção de milho e sorgo é estratégica, e o país precisa parar de demonizar quem produz”, afirmou, defendendo uma política agrícola pautada em ciência e competitividade.

O presidente da Aepar encerrou o encontro com uma convocação às entidades para fortalecer o diálogo institucional e ampliar a representação política do setor produtivo. “Não queremos ser apenas reativos. Queremos propor, influenciar e mostrar que o Paraná tem voz própria. A Aepar seguirá como um fórum de defesa da livre iniciativa, da responsabilidade fiscal e do respeito a quem empreende”.

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