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Vendas de água mineral crescem no Paraná.
Vendas de água mineral crescem no Paraná.| Foto: Jose Fernando Ogura/AEN

As indústrias de água mineral do Paraná faturaram R$ 117 milhões de janeiro a outubro desse ano. O número já supera todo o resultado de 2020, quando o faturamento de janeiro a dezembro totalizou R$ 90 milhões. Os dados são da Associação Brasileira da Indústria de Água Mineral (Abinam).

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Seguindo no ritmo atual, 2021 deve fechar com um faturamento perto de R$ 140 milhões, um aumento de cerca de 55% em comparação ao desempenho do ano passado.

Já no ano de 2020 houve crescimento em volumes de vendas de 14,8% no estado em comparação ao ano anterior. De 264,62 milhões de litros vendidos em 2019, passou a 303,93 milhões de litros no ano passado, pelos dados Agência Nacional de Mineração, divulgados pelo Instituto Água e Terra (IAT).

Três fatores são apontados por técnicos, lideranças e empresários do setor para o aumento nas vendas: a mudança no regime tributário, a crise hídrica e a própria pandemia que estimulou na população o consumo de mais água para aumentar a imunidade.

Não existe mais cobrança antecipada de ICMS

Em maio de 2020, o governo do Paraná retirou a água mineral do regime de substituição tarifária, que determinava o recolhimento antecipado, e de uma só vez, do ICMS pelas indústrias. O modelo facilitava a fiscalização, combatia a sonegação, mas afetava a competitividade das empresas, segundo o setor.

“O governo ouviu os empresários e atendeu a reivindicação”, diz Carlos Alberto Lancia, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Água Mineral (Abinam). Segundo ele, na situação anterior, o Paraná não tinha condição de competir com outros estados e perdia espaço para a bebida vinda de Santa Catarina e São Paulo. “O Paraná é totalmente autossuficiente em água mineral, com produção em 24 municípios, e não precisa importar”, destaca Lancia.

Quando há falta de água da Sanepar, aumentam as vendas de água mineral  

“Percebemos que quando há falta de água nas cidades, aumentam as vendas de água mineral”, diz Ricardo Ambrosio,  diretor executivo interino da Águas Timbú, a quarta no ranking estadual. Segundo o executivo, as vendas em volume cresceram por conta da procura maior por embalagens retornáveis, os galões de 20 litros, que também estão sendo os mais vendidos na pandemia.

“Os galões têm menor valor agregado, mas ajudam a recuperar as vendas perdidas das embalagens menores e descartáveis para bares, lanchonetes restaurantes e academias, no período mais crítico”, diz Ambrosio. Para ele, no entanto, a questão tributária é que fez toda a diferença, “A partir de maio de 2020 o mercado ficou mais equilibrado”, observa.

Mesmo com o fim da substituição tributária, o CEO da Águas Ouro Fino, a principal empresa do setor no Paraná, Marcelo Marques, defende mais mudanças nessa área.  “Entendemos que a água mineral deveria compor os itens de cesta básica, por ser essencial à vida. Com isso, nossa carga tributária cairia de 35% para 7%, pontua Marques, para quem a alta carga de impostos é o grande entrave do setor.

Cuidados com a saúde refletem nas vendas

Para o diretor de gestão territorial do IAT, Amilcar Cavalcante, a escassez hídrica pode ter levado a população a buscar a água mineral. “Muita gente tem a falsa impressão de que após um período de corte no abastecimento de água, ela volta suja e suspeita de sua qualidade. Isso não procede. Às vezes essa sujeira que pode aparecer pode ser da caixa d’água, mas a qualidade da água que chega à casa do consumidor é a mesma”, esclarece.

Cavalcante observa também que a pandemia provocou mudanças de hábito na população. “As pessoas passaram a se hidratar mais com o objetivo de melhorar o sistema imunológico. A prática de atividade física também aumentou e, com isso, cresce o consumo de água”, observa.

Municípios, Estado e União recebem compensação financeira

A água é um bem da União, que concede o direito à exploração à iniciativa privada. Um por cento do valor de comercialização é convertido em Compensação Financeira pela Exploração Mineral. O recurso é distribuído para o município produtor (60%), os municípios afetados (15%), o estado (15%) e órgão da União (10%).

Dados da Agência Nacional de Mineração (ANM), divulgados pelo IAT, mostram que o valor da contribuição financeira total gerado no Paraná vem crescendo nos últimos anos por causa do aumento do número de empresas e da maior produção. Em 2010, foram R$ 297,2 mil proveniente da produção de 205 milhões de litros por 19 empresas. Em 2020, foram R$ 841,60 mil, com o envase de 304 milhões de litros por 32 empresas.

Campo Largo, na região metropolitana de Curitiba, é o mais beneficiado porque é onde fica a maior produtora do estado, a Águas Ouro Fino. “É e suma importância para o município”, diz o prefeito Maurício Rivabem (PSL).

Segundo ele, Campo Largo já recebeu até outubro, R$ 2,9 milhões - o que já supera o valor do ano passado inteiro que totalizou R$ 2,3 milhões. O prefeito explica que esse valor tem que ser totalmente aplicado em políticas públicas e, no caso de Campo Largo, tem sido destinado principalmente para as manutenções de vias públicas.

De acordo com dados da Abinam, as principais marcas do setor no Paraná são a Ouro Fino, de Campo Largo, que responde por 51% da produção, seguida da Font Life, de Quitandinha (34%), a Sferrie, de Toledo (15%) e a Timbu, de Almirante Tamandaré (8,5%).

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