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Cleusa Piragine
| Foto: Acervo familiar

Cleusa Piragine será sempre lembrada pela atitude de reverência e oração. Ainda em vida, recebeu homenagem emprestando seu nome à sala de oração na entrada da Primeira Igreja Batista de Curitiba (PIB), liderada por ela e o marido, o pastor Paschoal Piragine Junior, desde 1988. Costumava dizer que foi um dos melhores presentes que já recebeu.

Após 63 anos de vida dedicada à vocação eclesiástica e à ação social por meio da igreja, no dia 25 de agosto, Cleusa morreu devido a uma doença degenerativa autoimune diagnosticada há nove anos.

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Durante os anos na PIB, esteve à frente de diversos projetos sociais ligados à Associação Batista de Ação Social de Curitiba (ABASC), envolvendo educação cristã, instalação de creche em bairros da periferia da capital, albergue para menores em situação de rua, alimentação de pessoas vulneráveis, entre outras iniciativas.

Atuava como mentora de mulheres da comunidade e, em convênio com a Prefeitura de Curitiba, colocou em prática projetos de geração de renda para famílias por meio do artesanato. “Tudo isso era um dom de cuidar das pessoas, foi um dos dons mais visíveis de sua vida. Tinha esse viés social e comunitário, sempre tinha pessoas a sua volta e buscava olhar e cuidar de todas de alguma maneira”, conta Paschoal.

Ele lembra que muitas vezes Cleusa chegava às seis da manhã na igreja e só saía à noite, quando era obrigada a deixar o local. Depois que a doença restringiu a rotina, ela tentava manter-se útil de alguma maneira e sempre conseguia por meio da escrita ou aconselhando pessoas.

Além de auxiliar a população carente com serviços básicos, como alimentação e abrigo, prestava atenção aos rituais culturais e às belezas singelas – e importantes – da vida em sociedade. As celebrações de casamento de pessoas que não tinham condições de arcar com os custos de uma festa eram uma de suas marcas registradas. Nessas noites, a comunidade se mobilizava para construir uma cerimônia memorável, cada um contribuindo um pouco. Médicos e engenheiros se tornavam garçons, ateliês doavam vestidos para as noivas, todos mudavam suas rotinas em torno de um bem comum.

Habilidades para unir em prol de uma causa

Isso apenas demonstrava sua capacidade de unir pessoas e instituições em uma sinergia particular, focada em sonhos dela que, quando realizados, faziam bem a muita gente. A atenção à beleza e aos detalhes era o toque especial em todas as esferas de convivência. Perfeccionista e organizada, como hobby gostava de ajudar na decoração da casa dos familiares. Amava reunir as pessoas para ver filmes, fazer uma boa refeição ou viajar. Aos netos, tudo. A casa da avó era o local onde as comidas preferidas estavam à disposição e até os desenhos animados, devidamente gravados, esperavam para ser assistidos.

Cleusa nasceu em São Paulo, formou-se professora especializada em música sacra. De 1980 a 1988 atuou com o marido na Igreja Batista Água Branca, na capital paulista. Os dois começaram a namorar aos 14 anos e descobriram juntos a vocação do serviço cristão, que orientou seus planos de vida. Na PIB, a área de cada um era distinta, cada um tinha sua autonomia, mas se mantinham unidos em objetivos e estavam sempre próximos; até os escritórios eram vizinhos.

Esposa e mãe atenciosa, era no cuidado aos detalhes que demonstrava sua linguagem de amor. O momento de oração, nos cultos dos quais participava com o marido, era seu momento mais marcante na igreja e permanece como legado. Ela deixa dois filhos e quatro netos.

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