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Os parques estão previstos para a capital paranaense e cidades vizinhas como Araucária, São José dos Pinhais, Piraquara e Fazenda Rio Grande
Os parques estão previstos para a capital paranaense e cidades vizinhas como Araucária, São José dos Pinhais, Piraquara e Fazenda Rio Grande| Foto: Divulgação/Comec

Pistas de caminhada, ciclovias, lagos para pesca, centros de educação ambiental e áreas navegáveis para barcos de passeio não são os únicos benefícios prometidos pelos novos parques previstos para as margens do Rio Iguaçu, no Paraná.

De acordo com a Coordenação da Região Metropolitana de Curitiba (Comec), as áreas de lazer propostas para a capital paranaense e cidades vizinhas como Araucária, Piraquara e São José dos Pinhais também devem aumentar a segurança nessas regiões, evitar enchentes e garantir um reservatório com mais de 40 bilhões de litros de água para uso em períodos de escassez, como o registrado nos últimos dois anos.

“Será um grande reservatório de emergência para o caso de crise hídrica”, adianta o presidente da Comec, Gilson Santos, ao explicar que as cavas serão interligadas para a formação de lagos e receberão controle de qualidade da Companhia de Saneamento do Paraná (Sanepar) para abastecer a região em épocas de estiagem.

A proposta faz parte da chamada Reserva Hídrica do Futuro, programa do governo estadual e da Companhia de Saneamento do Paraná (Sanepar) anunciado em 2020 que prevê uma série de ações para recuperar 150 quilômetros de rios e formar 1.800 hectares de parques entre a região da Serra do Mar e Porto Amazonas, nos Campos Gerais.

Em Curitiba e Região Metropolitana, as ações são coordenadas pela Comec e pelas prefeituras dos municípios envolvidos, que preveem instalação de quatro grandes áreas de lazer em São José dos Pinhais, Araucária e Piraquara. “Além disso, a prefeitura de Fazenda Rio Grande pretende implantar mais um parque às margens do Iguaçu, e Curitiba quer outros dois”, cita Gilson Santos, ao afirmar que os espaços prometem inúmeros benefícios à população.

Captação de água

A meta da Sanepar é de que, em dez anos, toda a estrutura seja instalada e opere como uma barragem capaz de produzir 44 bilhões de litros de água. A ideia é que o Estado fique mais preparado para lidar com crises hídricas, evitando novos rodízios no futuro.

As obras já começaram no fim do ano passado com a limpeza das cavas de Piraquara, entre a BR-277 e a Rua Pastor Adolfo Weidmann, e o local deve receber agora comportas para interligar os lagos ao sistema de abastecimento, reforçando a captação de água na Estação Iguaçu em 200 litros por segundo.

Além disso, projetos municipais como o Parque Municipal Interlagos – que está em fase de estudos pela prefeitura de Fazenda Rio Grande – poderão melhorar ainda mais esses resultados, já que “escavando apenas um metro e meio de profundidade para uniformizar as cavas, seria possível gerar reserva de até 8,5 milhões de m³ de água”, afirma Rafael Campaner, secretário de meio ambiente do município.  Segundo ele, “essa quantidade é suficiente para atender até o ano 2050 toda a população da cidade, no total de 200 mil pessoas”.

Prevenção de enchentes

Mas a garantia de recursos hídricos não é o único benefício prometido pelos novos parques. De acordo com o arquiteto Sergio Mateus, da Secretaria Municipal do Meio Ambiente (SMMA) de Curitiba, os novos espaços de lazer também auxiliam no controle do volume de água nas regiões de cavas, “fazendo com que se tornem áreas de amortecimento em caso de enchentes por chuvas extremas”, explica o representante da SMMA.

Dessa forma, eles podem ser alagados em caso de necessidade para evitar enchentes na área urbana, onde o asfalto e construções dificultam a captação da água pelo solo. “É como se esses parques funcionassem com uma bacia, que retêm a água em excesso e faz com que ela seja absorvida, aos poucos”, explica a engenheira ambiental Andressa Moraes Dutra, da Secretaria de Meio Ambiente de Araucária.

Preservação do meio ambiente

Ainda segundo ela, outro benefício trazido por áreas de lazer como o Parque Natural do Iguaçu, previsto para Araucária a partir do ano que vem, é a preservação da biodiversidade desses espaços, já que existe a possibilidade de essas regiões se tornarem unidades de conversação ambiental para conservar sua fauna, flora, características geológicas e até buscar a recuperação dos ecossistemas degradados.

“Lembrando que a implantação de parques também tende a promover uma arborização com qualidade e grande diversidade ambiental por meio do melhoramento da vegetação local”, acrescenta.

Evitar ocupações irregulares

Além disso, a engenheira ambiental explica que os parques propostos evitam ocupações irregulares às margens dos rios, onde pessoas acabam construindo residências de forma ilegal.

“Em Araucária, por exemplo, a área do Parque Natural do Iguaçu é muito visada para ocupação irregular, algo que será minimizado quando a população entender que há um objetivo real ali”, diz. “As pessoas precisam sentir que pertencem àquele espaço para ajudarem na manutenção e integridade dele”.

Mais segurança à região

E essa sensação de pertencimento aumenta também a segurança nessas regiões, como ocorreu na cidade de Pinhais após a implantação do Parque das Águas, em 2018. De acordo com o superintendente da Guarda Municipal do município, Dorival Selbach Júnior, a área de lazer foi implantada na região de cavas, que antes era conhecida pelo abandono de carcaças de veículos e registro constante de crimes. “Era comum atendermos situações de desova de corpos e até de homicídios, e isso deixou de existir”, comemora.

Segundo a Polícia Militar (PM) do município, até mesmo os roubos, que eram frequentes nos bairros ao redor do parque, caíram em cerca de 40% a partir da inauguração da nova área de lazer. “Afinal, transformamos um espaço aberto e vazio em um ambiente público que atrai milhares de pessoas, dificultando a ocorrência de crimes”, explica Dorival.

Prevenção de afogamentos

E essa não foi a única mudança. De acordo com o secretário de Segurança de Pinhais, Anderson Mendes de Araujo, o parque também evitou a ocorrência de afogamentos nessas áreas de cavas, já que há supervisão para proibir a entrada de banhistas nos lagos. “Temos a presença constante da Guarda e da Defesa Civil, e criamos regras para uso seguro do local”, explica.

Isso, segundo a capitã Keyla Karas, do Corpo de Bombeiros do Paraná, garante mais segurança em regiões de cavas porque, ainda que seja proibido e perigoso nadar nesses locais, sempre há pessoas que se colocam em risco ali e acabam se afogando. “A maioria são homens jovens, abaixo de 20 anos”.

Nos atendimentos registrados pelo Corpo de Bombeiros entre 2018 e 2021 nas regiões de cavas de Araucária, Fazenda Rio Grande, Piraquara e São José dos Pinhais, por exemplo, cerca de 70% das vítimas de afogamento eram garotos entre 14 e 18 anos, “idade em que o jovem quer se aventurar, mas acaba colocando sua vida em perigo”, lamenta a capitã, ao citar que quase 80% das ocorrências terminaram em óbito.

Por isso, o Corpo de Bombeiros solicita que a população não tente nadar em regiões de cavas. Afinal, “são locais impróprios para banho, pois a água pode estar contaminada, ter acúmulo de lixo e ainda troncos e vegetação de fundo que pode fazer o indivíduo se enroscar, se ferir e, por consequência, se afogar”.

Além disso, Keyla explica que muitas cavas possuem fundo arenoso, onde há o risco de a pessoa se prender, sem conseguir retornar para a superfície. “Outras cavas ainda têm fundo irregular, então a vítima perde o contato com o fundo de uma hora para outra e pode se afogar”, aponta, ao citar que a implantação de parques nessas áreas não reduzirá em 100% a quantidade de afogamentos, já que os espaços são muito grandes e não há como observar toda sua extensão o tempo todo. “Mas sabemos que essas áreas inibirão, sim, a ação imprudente de banhistas no local e que isso evitará graves acidentes”.

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