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Produção rural

Cooperativas auxiliam pequenos produtores de feijão a competir no mercado internacional

Cooperativismo acelera exportações de feijão no Paraná. Em 2024 foram mais de 70 mil toneladas embarcadas.
Cooperativismo acelera exportações de feijão no Paraná. Em 2024 foram mais de 70 mil toneladas embarcadas. (Foto: Lucas Acco/Cooperativa Tradição)

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Pequenos produtores de feijão no interior do Paraná descobriram no cooperativismo a chave para crescer. Diante da dificuldade de competir sozinhos em um mercado dominado por grandes grupos, a associação às cooperativas garante a continuidade da produção.

Com apoio técnico, investimento em qualidade e logística planejada, a produção ganhou escala e valor. É desta forma que sacas de feijão colhidas em propriedades de poucos hectares cruzam fronteiras e abastecem países da América Latina.

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A força da organização coletiva aparece nos resultados. “Atendemos também o pequeno produtor, aquele com 20 ou 30 hectares. No ano passado, só com feijão preto, exportamos 25 mil sacas — o que equivale a 1,5 mil toneladas”, afirma Almir Sauthier, gerente comercial da Cooperativa Agroindustrial Tradição.

Além da escala, o cooperativismo oferece segurança em um mercado volátil. “A união melhora o acesso a insumos, crédito e compradores. Com a cooperativa, ganhamos força e posição no mercado”, destaca o agricultor Silvio Hasse, produtor em Pato Branco, no sudoeste do Paraná, filiado na Cooperativa Agroindustrial Tradição.

Apesar do risco envolvido na produção do feijão, o produtor segue firme. “A lavoura de feijão é incerta. Pode chover demais, o preço pode cair. Se a produção está boa, o comprador aparece na lavoura, mas se está ruim, se há muita umidade, ninguém se interessa. Por isso sigo uma regra: cooperativa sempre. Ela me dá base para continuar plantando meus 30 hectares todos os anos”, diz Hasse.

Com trabalho das cooperativas, região sudoeste do Paraná responde por 46% da área de feijão produzido no estado.Com trabalho das cooperativas, região sudoeste do Paraná responde por 46% da área de feijão produzido no estado. (Foto: Lucas Acco/Cooperativa Tradição)

Cooperativismo impulsiona exportação do feijão no Paraná

Com a exportação, a confiança no negócio se fortalece. “Levar nosso produto para fora do Brasil é um orgulho. Alimentamos nosso povo e outras nações. No caso do feijão preto, a exportação é essencial, já que o consumo interno é menor”, afirma o produtor Hasse.

O cooperativismo ajuda onde o produtor mais precisa: na venda da safra. “Comercializar é mais do que vender. É garantir mercado, preço justo e voz ativa ao agricultor. Quando feita pela cooperativa, a venda vira estratégia e proteção”, avalia o gerente comercial da Cooperativa Agroindustrial Tradição

Também do sudoeste paranaense, Alisson Deliberalli planta feijão em uma área de 50 alqueires, no município de Renascença. O agricultor é mais um membro da Cooperativa Agroindustrial Tradição, há mais de 10 anos, e conta com a estrutura para a venda da produção.

"Os armazéns estão sempre cheios, colocam pouco valor na colheita da gente. Com a cooperativa, a gente sabe que será o justo do mercado. Como representa mais produtores, a cooperativa tem mais força para negociar os preços, e a gente só ganha com isso", diz Deliberalli.

Paraná lidera produção de feijão, com estimativa de 570,3 mil toneladas em 2025 e começa a expandir exportação do produto.Paraná lidera produção de feijão, com estimativa de 570,3 mil toneladas em 2025. (Foto: Lucas Acco /Cooperativa Tradição)

Sudoeste responde por 40% da área de feijão do Paraná na 2ª safra

O Paraná sustenta a tradição de maior produtor de feijão do Brasil desde a década de 1990. O estado é responsável por abastecer mesas em todo o país e atender diversos paladares, com diferentes cultivares da leguminosa.

De acordo com o Boletim de Conjuntura Agropecuária do Departamento de Economia Rural (Deral), a produção em 2025 deve alcançar 865 mil toneladas, em uma área de 332,6 mil hectares. A região sudoeste do território paranaense é responsável por uma área de plantio que corresponde a 40% do que é produzido no estado, na segunda safra, de acordo com dados do Instituto Brasileiro do Feijão e Pulses (Ibrafe).

As chuvas em excesso prejudicaram o desenvolvimento na região. Mesmo assim, especialista apontam para uma safra bastante expressiva. "A oferta expressiva já pressiona os preços. A exportação nesse mesmo período, no ano passado, passou de 15 mil toneladas por mês e agora caiu para 5 mil toneladas. Não temos uma exportação com muita sustentabilidade", pondera o agrônomo do Deral, Carlos Hugo Godinho.

De acordo com ele, fenômenos climáticos em outros países no último ano contribuíram para que importassem do Brasil. "Mas a aceitação do nosso produto é uma construção. São mercados que ainda estão sendo abertos. Porém, mesmo com a queda na exportação, o volume é importante, em comparação com anos anteriores", avalia o agrônomo.

Mesmo com os desafios, de acordo com o Deral, o Paraná cultiva feijão em três safras ao longo do ano:

  • A primeira, chamada “das águas”, vai de setembro a janeiro
  • A segunda, “da seca”, de fevereiro a junho
  • A terceira, “de inverno”, ocupa o período de de julho a setembro

Paraná busca crescimento na exportação

Nos últimos anos, o estado do Paraná ampliou participação no mercado externo. O Sindicato e Organizações das Cooperativas do Estado do Paraná (Ocepar) e o governo estadual firmaram estratégias para ampliar a exportação do grão.

Os resultados já aparecem. Em 2024, o Paraná exportou 71 mil toneladas de feijão, segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços. O número é expressivo: mais de cinco vezes superior ao volume exportado em 2023, que foi de apenas 10 mil toneladas.

Dois países puxaram esse crescimento. A Venezuela comprou 25 mil toneladas, enquanto o México adquiriu outras 21 mil. A Índia também aparece como compradora, com 4 mil toneladas do feijão paranaense.

No entanto, o líder nacional em exportações é o Mato Grosso. Em 2024, o estado enviou 128 mil toneladas ao exterior, sendo mais da metade destinadas ao mercado indiano.

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