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Empreendedorismo paranaense se adapta ao mundo digital
WhatsApp é usado por 76% das empresas paranaenses.| Foto: Pixabay

Mãe e filha vislumbraram a oportunidade de unir aptidões e usar o tempo com qualidade ao buscar investir no mundo dos negócios. A abertura de horizontes no empreendimento próprio teve na venda de cadernos e planners o pontapé inicial. Da proposta inicial, passaram a fazer eventos de casamento e aniversários. A empresa que antes era uma virou duas. Sem pretensão de ter uma loja física, as sócias encontraram espaço para se tornarem conhecidas, atrair público e conquistar territórios: as redes sociais.

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“Não estar na rede social é não existir”, define Thanile Rati, vice-presidente da Federação da Associações Comerciais e Empresariais do Estado do Paraná (Faciap) Jovem. E foi por esse meio da internet que a publicitária Ana Paula de Amorim e a mãe dela, Patricia de Amorim, começaram a empreender.

Foi após a perda do emprego, no início da pandemia de covid-19, que a publicitária começou a se debruçar sobre alternativas de renda. O caderno de receitas que seria presente para a mãe, em 2020, se tornou o primeiro produto da Amorim Design. O Dia das Mães daquele ano se tornou um marco na vida de Ana e Patrícia, quando iniciaram as vendas de cadernos personalizados. “Nunca tinha pensado em empreender, mas foi de forma natural”, conta a publicitária. As vendas são feitas pelas redes sociais, em especial, o Instagram. Fotos profissionais e vídeos criativos são formas de atrair a clientela. “A rede social é uma ferramenta que popularizou as vendas online. Não é necessário ter um e-commerce superdesenvolvido. Você pode começar com uma loja no Facebook ou no Instagram”, comenta a vice-presidente da Faciap Jovem.

No comércio de mãe e filha, o meio digital possibilitou que os produtos chegassem a lugares mais distantes. “Antes só vendia para a região [mais próxima], agora consegue vender para o Brasil inteiro. O multicanal digital permitiu que os empreendedores crescessem e modificassem o jeito de vender seus produtos”, destaca Luiz Pinheiro, doutor em Administração e coordenador da Escola de Negócios da Universidade Positivo (UP).

Pela Amorim Design, 4 mil produtos vendidos desde 2020 viajaram o país e o mundo para serem entregues. Além de Paraná, os itens foram comercializados para pessoas de Santa Catarina, Rio Grande do Sul, São Paulo, Bahia, Rio de Janeiro e Mato Grosso do Sul, chegando também a clientes dos Estados Unidos, Canadá e Inglaterra.  “É surreal pensar que já vendemos tudo isso. E é legal empreender entre mãe e filha”, comemora Ana.

Empresa entre mãe e filha expandiu e atende festas  

A dupla familiar viu no casamento da publicitária, em abril desde ano, uma forma de expansão nos negócios: fotos polaroid para aniversários e casamentos. A noiva queria que seus convidados recebessem uma foto de presente. Porém, era um alto investimento. E foi então que tiveram a ideia de imprimir as fotos no casamento, mas em formato polaroid e em quantidade ilimitada. A execução foi tão boa que resolveram começar a replicar nos eventos.

“Desde então, a Eterniza Fotos atendeu diversos eventos com qualidade e excelência, tornando cada momento memorável”, complementa Patricia. Elas contabilizam participação em 40 eventos, com outros 29 agendados. E a divulgação da empresa é essencialmente de forma online pelo Instagram. Pela rede social, elas publicam vídeos que mostram como foram as festas e como os convidados receberam as fotos. “Não se pode esquecer que é uma rede social. As pessoas querem saber os bastidores, o dia a dia. Não pode perder essa essência do relacionamento, mas com certeza é uma ferramenta poderosíssima para vendas”, afirma Thanile Rati.

Na Era da Informação, a loja está na palma da mão do cliente 

Com o meio digital avançando, as lojas precisaram se adaptar. A pandemia da covid-19 exigiu que muitos empreendedores e comerciantes estivessem presentes nas redes sociais. “A gente vê um movimento muito forte desde a pandemia. Aqueles empreendedores que olhavam o digital como algo muito distante do seu negócio viram, durante a pandemia, que talvez fosse o único meio para manter seu negócio. A pandemia acelerou muito o processo. Nós enquanto consumidores quebramos muita barreiras com o online também”, destaca Thanile Rati.

Para manter o negócio mesmo com os desafios de loja física, a Ótica Optishop se adapta às mudanças. A loja física está localizada no centro de São José dos Pinhais, Região Metropolitana de Curitiba. Para auxiliar nas vendas, o comércio está nas redes sociais, site e Google. “São ferramentas que auxiliam muito nas vendas, colocam sua loja na palma da mão do cliente e tornam as vendas dinâmicas”, aponta Augusto Cordova, sócio-proprietário da loja.

Essa fusão de físico e digital, principalmente nas empresas que atuam no varejo, é chamada 'figital'. “Vemos um movimento do 'figital' que é o cruzamento das duas coisas: 'preciso ter a minha loja online e de uma estrutura'. Não adianta ter rede social e ser uma loja vazia, com mensagens que ninguém responde. Mas há um movimento do 'figital' acontecendo”, afirma a vice-presidente da Faciap Jovem.

Além da adaptação digital, as empresas precisam se adequar às adversidades econômicas. O alto valor do aluguel fez a Ótica Optishop não estar mais presente no centro da capital paranaense e a se transferir para a região metropolitana. “São José dos Pinhais é uma cidade que está em plena expansão, abrindo várias oportunidades para empreender, o povo é bastante amistoso e muito receptivo”, acrescenta Cordova.

Em busca de inovação, a ótica tem buscado atender os clientes em domicílio. “É muito parecido com o atendimento em loja. Percebemos que em casa ou empresa, o cliente se sente mais a vontade, sem pressão, tem auxílio de amigos ou familiares em suas escolhas. O sorriso estampado no rosto quando chegamos e saímos é marca registrada dos nossos clientes”, afirma o sócio-proprietário da Ótica Optishop.

Futuro do comércio: lojas físicas vão acabar? 

Um levantamento do Sebrae mostrou que o WhatsApp é usado por 76% das empresas paranaenses. A presença de micro e pequenas empresas em alguma rede social é de 92%. Os meios digitais também são utilizados por 65% dos empreendedores no momento de oferecer serviços e produtos. Reservas ou vendas online são realizadas por 45% das empresas ouvidas pesquisa.

Com empresas mais posicionadas digitalmente, as lojas físicas vão acabar? Segundo especialistas, a resposta é não. “Não vejo ficarmos sem shopping. A compra física vai continuar, porque isso está atrelado a vários hábitos de consumo. Há movimentos em datas comemorativas, os centros comerciais ficando abertos até mais tarde, porque tem esse hábito de ‘passear para comprar’”, explica a vice-presidente da Faciap Jovem.

O futuro está sendo desenhado pelo presente, com as empresas em multicanais. Isso possibilita que os clientes encontrem o serviço ou produto em site, redes sociais ou lojas físicas. “A gente chama de multicanais. Antigamente, se vendia somente de porta em porta, por revista, mas hoje tem multicanal. Vende no Instagram, site, Facebook e Amazon. Esse multicanal fez com que o empreendedor se tornasse mais digital”, destaca Luiz Pinheiro, doutor em administração.

“Uma empresa que não está na internet é uma empresa que tende a fechar. Se a empresa não está, eu recomendo a estar nesse novo mercado. Quer aumentar as vendas? Esteja na internet. Quer aumentar mais? Segmente o seu público”, complementa Pinheiro.

Saindo do convencional, MadeiraMadeira foi do online para o offline 

No movimento contrário, a startup paranaense que começou no online resolveu investir no offline, ou seja, em lojas físicas. Em 2009, a MadeiraMadeira começou como uma empresa pequena, localizada em São José dos Pinhais, para venda de materiais de construção, mas no meio digital. “Desde o início, a MadeiraMadeira teve uma base muito sólida em tecnologia, com preparação de usar a tecnologia a favor do varejo”, diz Ana Gabardo, VP Comercial da MadeiraMadeira.

O empreendimento paranaense já desenvolveu mais de 30 softwares, inclusive o próprio aplicativo da empresa, que soma mais de 2 milhões de downloads e, neste ano, cresceu mais de 150% em acessos. Mesmo com a forte atuação no online, a empresa viu a necessidade de ter uma loja física, a pedido dos próprios clientes. “A MadeiraMadeira nunca teve o princípio de ter grandes investimentos em grandes lojas. Mas investimos em modelos pequenos de 100 a 250 m², com um estoque reduzido e que possibilita que os clientes experimentem a marca própria”, afirma. “A nossa tecnologia desenvolvida se adapta para cada canal do consumidor”, complementa a VP Comercial.

Gabardo diz que grande parte da primeira compra dos clientes acontece offline, ou seja, nas lojas físicas da empresa. “Recebíamos feedback dos clientes, eles queriam conversar com o vendedor, experimentar e ajuda para escolher”, conta ela.

O desafio da MadeiraMadeira é que esses multicanais de vendas sejam complementares. “É um processo de adaptação. O omnichannel (todos os canais) ainda é um desafio para todas as empresas. Canais que sejam complementares e não conflitantes, nos desenvolvemos para isso. Mas o principal motivo desses canais existirem, principalmente o offline, foi o desejo do cliente”, destaca Ana Gabardo.

“A rede social é a vitrine do negócio”, diz empreendedora 

Seja restaurante, padaria, papelaria, ótica, loja de roupa ou de construção, o meio digital virou necessidade para o empreendedor que quer alavancar os negócios. Para vender na internet ou atrair o cliente para dentro do estabelecimento, a rede social é peça-chave para empresas e comércios.

Esse é o caso da Casa Di Pão. A padaria é a primeira de fermentação natural sem glúten em Curitiba, administrada pelas sócias Michelle Martins e Josiane Pratchum. “Trouxemos a fermentação natural para o mundo sem glúten”, conta Michelle.

Embora tenha um estabelecimento, a rede social é a vitrine que atrai os consumidores. “A rede social é a vitrine do negócio. Uma vitrine bem montada, com fotos bonitas e uma boa legenda. Isso, com certeza, atrai o olhar, gera curiosidade e acaba despertando no cliente o interesse de conhecer o produto”, relata a empreendedora.

Michelle pontua que as redes sociais possibilitam que os clientes não sejam somente da capital paranaense. Turistas que visitam a cidade e que têm doença celíaca (intolerância a glutén) conseguem achar a padaria pela rede social. “Aquele despertar acontece pela rede social. Mandam direct: ‘vou para Curitiba e quero experimentar esse pão, estava preocupada com a minha restrição’. Estamos próximos do Jardim Botânico, visitam o parque e já passam na padaria”, diz.

Para a vice-presidente da Faciap Jovem, o empreendedorismo paranaense está antenado, transformando negócios e alavancando oportunidades no meio digital, levando o estado para o Brasil inteiro. “Do empreendedorismo e do consumo, o Paraná tem despontado em novas lojas e novos e-commerces. Temos cases de sucesso que cresceram muito, como a MadeiraMadeira. Vemos que é um movimento que a população adere”.

O coordenador da Escola de Negócios da UP vê o Paraná como um estado empreendedor, srgundo ele, "graças a esse cooperativismo entre associações, entidades e universidades”.

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