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Frederick Wassef
Frederick Wassef, hoje advogado da família Bolsonaro, teve pedido de prisão negado por falta de provas no Paraná em 1992.| Foto: Dida Sampaio/Estadão Conteúdo

Logo que veio à tona, no início da manhã desta quinta-feira (18), a prisão do ex-assessor Fabrício Queiroz, num sítio em Atibaia (SP), pertencente ao escritório de advocacia de Frederick Wassef, defensor do senador Flavio Bolsonaro e muito próximo ao restante da família, os arquivos da vida do advogado começaram a ser revirados - e pipocaram nas redes sociais. Entre eles, recortes de jornal, de 1992, que mostravam um pedido de prisão dele por suspeita de participação num ritual satânico e no desaparecimento de um menino de seis anos em Guaratuba, no Litoral do Paraná. Mas não é bem assim.

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A consulta aos documentos oficiais do caso Leandro Bossi mostra que a investigação não apontou qualquer prova de que Wassef tenha praticado qualquer crime à época. Quem esclarece é Ivan Mizanzuk, pesquisador e autor de um renomado podcast, o Caso Evandro, que detalha as situações ocorridas em Guaratuba na década de 90. Ele comenta como uma sequência de datas e fatos levou à acusação contra Wassef.

Leandro Bossi desapareceu em fevereiro de 1992. Na época, um grupo religioso passava um tempo da cidade. Eram alguns argentinos e também brasileiros, integrantes do denominado Lineamento Universal Superior (Lus), que rejeita o termo seita, pois se apresentava como um grupo espiritualizado. O Lus era liderado por Valentina de Andrade, uma mulher de Londrina, que era casada com um argentino, autora de um livro “Deus, a grande farsa”. Foi por causa do texto que Wassef se aproximou da líder espiritual. Ele teria visto a obra em uma banca de jornal, lido e mandado uma carta para Valentina, dizendo que havia se interessado pelo assunto e que tinha intenção de saber mais.

Dois meses depois do desaparecimento de Leandro Bossi, outro menino sumiu na cidade. É Evandro Caetano. A investigação chegou a sete pessoas, que foram acusados de participar de matar o menino em um ritual satânico. Alguns teriam admitido o crime, mas as confissões teriam sido obtidas mediante tortura. Pressionados, eles teriam também reconhecido que sequestraram Leandro Bossi e o entregaram a uma “mulher loira, gorda, gringa, que falava castelhano”.

A investigação começou a rastrear os argentinos e os demais integrantes da Lus, que estavam na cidade na época do desaparecimento de Leandro Bossi. O delegado do caso, Luis Carlos de Oliveira, pediu a prisão de Valentina, do marido dela e de Wassef. Mas a Justiça negou a prisão deles, com o argumento de que Valentina não se encaixava na descrição (nem gorda, nem loira, nem gringa, falando português, por ser brasileira). Outro participante do grupo chegou a ser preso, mas foi rapidamente liberado.

Na época estudante de Direito, com 26 anos, Wassef foi incluído na investigação por estar em Guaratuba quando do sumiço de Leandro Bossi, fazendo a divulgação do livro de Valentina com uma caminhonete com placas de Atibaia. A participação dele em qualquer crime na cidade não foi provada. Ele chegou a procurar a polícia para prestar depoimento voluntariamente, mas não foi ouvido e aí recorreu ao Ministério Público, para manifestar interesse em colaborar com a investigação.

Veja imagens de documentos do caso, cedidos pelo pesquisador Ivan Mizanzuk:

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