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Consórcio Sul-Sudeste

Governadores defendem alinhamento entre agro, licenciamento ambiental e COP 30

Encontro dos governadores do Cosud para tratar da COP 30 em Curitiba
Mata Atlântica é o principal bioma que une os governadores dos estados do Sul e Sudeste. (Foto: Felipe Henschel/Agência de Notícias do Paraná)

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Governadores dos estados que integram as regiões Sul e Sudeste participaram, nesta terça-feira (19), da abertura da 13ª edição do Cosud, consórcio de integração dos estados, no Teatro Guaíra, em Curitiba (PR). O encontro entre os governadores marca o início da Conferência da Mata Atlântica, que vai até quinta-feira (21) na capital paranaense, onde os representantes dos estados devem elaborar contribuições técnicas sobre o bioma para a COP 30, que será realizada em Belém (PA), no mês de novembro.

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Os governadores Ratinho Junior (PSD-PR), Eduardo Leite (PSD-RS), Romeu Zema (Novo-MG), Cláudio Castro (PL-RJ) e Renato Casagrande (PSB-ES) estiveram presentes na solenidade de abertura do evento, que se encerra com a assinatura da "Carta de Curitiba", documento que deve contemplar as principais demandas e propostas do grupo para o meio ambiente. Os estados de São Paulo e Santa Catarina foram representados pelos vices-governadores Felício Ramuth (PSD-SP) e Marilisa Boehm (PL-SC), respectivamente.

Apesar da formação ampla de mandatários de oposição ao governo Lula (PT), os governadores não fizeram críticas à COP 30, que foi levada pelo governo federal para a região amazônica. A sede escolhida foi a capital paraense, que recebeu mais de R$ 1 bilhão provenientes do cofre da Itaipu Binacional para melhorias em infraestrutura e ainda passa por uma crise para hospedar os visitantes. A comunidade internacional tem criticado a Cúpula do Clima pelos altos preços e pouca disponibilidade de leitos em Belém.

Ao ser questionado pela imprensa, o grupo de governadores elegeu o governador capixaba para comentar os preparativos para a COP 30. Aliado de Lula, Casagrande respondeu que visitou a capital paraense com outros governadores recentemente e disse que a cidade está preparada para receber as delegações estrangeiras. "Na última semana estivemos em Belém, acompanhando a estrutura para a COP 30. A conferência está bem organizada e acredito que será um sucesso", disse o governador do PSB, que é presidente do Consórcio Brasil Verde, com a participação de 16 estados.

O anfitrião Ratinho Junior lembrou que os estados do Sul e Sudeste têm adotado boas práticas para preservação e desenvolvimento econômico e que as sugestões do Cosud serão encaminhadas para a organização da COP 30. “Todos nós temos políticas públicas de proteção da Mata Atlântica. Segundo dados divulgados por ONGs que monitoram o bioma, tivemos uma ampliação da nossa floresta, fruto do cuidado e das políticas públicas que os estados vêm implementando.”

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As regiões Sul e Sudeste também se destacam pela participação econômica no agronegócio brasileiro, alinhada à preservação ambiental, o que também foi debatido pelos governadores do Cosud. “O produtor rural, por natureza, é preservacionista; sem água, não é possível produzir. Por isso, há necessidade de proteger áreas de floresta para garantir as nascentes de água. Existe também a consciência da necessidade de um agronegócio sustentável, justamente para atender a demanda mundial cada vez maior por responsabilidade ambiental”, defendeu Ratinho Junior.

Governador de um dos estados líderes do agro no país, o paranaense lembrou que a lei brasileira é rigorosa e atendida pelos produtores rurais. “Os estados do Sul e Sudeste são grandes produtores agrícolas, mas mantêm as matas ciliares, áreas de preservação permanente e nascentes, pois dependem disso para a sobrevivência local e para continuarem produzindo e comercializando”, comentou.

O governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, ressaltou a necessidade de equilíbrio entre o desenvolvimento e a preservação ambiental ao ser questionado sobre a nova lei de licenciamento ambiental do país, que foi sancionada com vetos por Lula, que podem ser derrubados no Congresso. Entre os objetivos, a nova legislação deve agilizar os processos de liberação para desenvolvimento de setores que dependem das licenças.

“Não é possível liberar tudo, mas também não se pode restringir em excesso. É fundamental buscar o equilíbrio [...] preservação não depende apenas de normas, mas também de recursos. Sem dinheiro não se preserva nada. O desenvolvimento é fundamental para permitir recursos para a preservação”, avalia o chefe do Executivo fluminense.

Palco de tragédias ambientais nas cidades de Mariana e Brumadinho, o estado de Minas Gerais passou por mudanças nos últimos anos para aliar a produção de minérios com a segurança ambiental, ressaltou Zema. Além disso, a agropecuária mineira passou a ocupar o posto de protagonista no setor produtivo.

“Das 53 estruturas de barragens que o estado tinha, que ofereciam algum risco, 17 não existem mais e as demais estão sendo descomissionadas, ou seja, o material está sendo retirado. A maior parte das empresas de mineração está migrando para o sistema de filtragem, que não exige mais a construção de barragens”, disse Zema.

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Questionado sobre as críticas de Carlos Bolsonaro (PL-RJ) sobre a postura dos governadores presidenciáveis, que podem herdar o capital político do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o grupo de governadores evitou comentar o assunto. Eduardo Leite e Ratinho Junior, ambos presidenciáveis pelo PSD, responderam que os jornalistas deveriam evidenciar o evento realizado pelo Cosud, ao invés de questionar sobre as eleições de 2026.

No palco, Leite já havia feito um discurso sobre a necessidade de superar a polarização política no país para tratar do meio ambiente. “[Isso] exige a superação dessa divisão insana que vemos no Brasil. A preservação depende diretamente da cooperação, que só existe quando nos dispomos a superar as diferenças para trabalharmos juntos em um tema que exige essa capacidade de colaboração”, declarou o governador gaúcho.

Castro também negou que o Cosud estaria concorrendo com a COP 30 e pontuou que o objetivo do evento é de contribuir com o debate na Cúpula do Clima, descartando o ambiente “nós contra eles”.

“Não é uma pauta de direita, esquerda ou de centro. Não há uma água que seja de partido 'a', partido 'b' ou partido 'c'. Não há um alimento que pertença a uma linha política. Quando a crise vem, quando a chuva vem, não escolhem pobres ou ricos, não escolhem gente de direita ou de esquerda”, falou ele.

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