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O domínio do tráfico de drogas e do contrabando operados por organizações criminosas na região da Tríplice Fronteira estão forçando o governo federal a articular uma nova estratégia nacional de segurança pública. O 2º Fórum Regional sobre Proteção Integrada de Fronteiras, que começou nesta quarta-feira (27) em Foz do Iguaçu (PR) e segue até quinta (28), reúne ministros e especialistas em busca de soluções para uma área que concentra alguns dos principais desafios de segurança do país.
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Promovido pelo Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República (GSI/PR) e sediado pela Itaipu Binacional, o fórum tem como prioridade atualizar o diagnóstico sobre os crimes de tráfico de drogas, contrabando, delitos ambientais e atividades de organizações criminosas que impactam Brasil, Argentina e Paraguai.
A agenda articula quatro eixos centrais: segurança, desenvolvimento sustentável, integração regional e direitos humanos. O objetivo é formular políticas públicas mais eficazes e fortalecer os Gabinetes de Gestão Integrada de Fronteiras (GGIF) em áreas terrestres, aéreas e marítimas.
O ministro-chefe do GSI, Marcos Antônio Amaro dos Santos, destacou que o fórum é decisivo para consolidar a Política Nacional de Fronteiras. "Este evento é essencial para colher subsídios à Estratégia Nacional de Fronteiras, que será apresentada ainda este ano ao presidente Lula. Nosso objetivo é transformar diagnósticos em ações concretas", prometeu.
O ministro da Defesa, José Mucio Monteiro Filho, reforçou os desafios de um país com mais de 17 mil quilômetros de fronteiras, uma das maiores faixas fronteiriças do mundo. Na avaliação dele, a operação Ágata é um exemplo de cooperação exitosa.
Desenvolvimento como antídoto ao crime, diz Mercadante
O presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, defendeu o desenvolvimento econômico como principal ferramenta de proteção das fronteiras brasileiras contra o crime. "O Brasil tem um papel imenso na estabilidade regional. Trazemos mais investimentos e oportunidades para que não haja espaço para organizações criminosas", disse ele. O BNDES diz que financiou mais de R$ 49 milhões nos últimos dois anos no Paraná, com obras em infraestrutura e apoio a cooperativas agrícolas.
Em contraponto, reportagem da Gazeta do Povo já evidenciou três diferentes mapas e relatórios de grupos criminosos que revelam um cenário aproximado da atuação de 72 organizações e milícias pelo Brasil. Segundo especialistas ouvidos pela Gazeta do Povo, os levantamentos revelam dados sobre o avanço do crime organizado e a perda de controle das forças de segurança e do Estado diante do domínio que os grupos passaram a exercem. Esses levantamentos revelam que cerca de 23 milhões de pessoas em todo o país relataram viver em áreas dominadas ou com atuação das facções ou grupos milicianos.
Ainda durante o fórum regional desta semana, o presidente do Instituto de Desenvolvimento Econômico e Social de Fronteiras (Idesf), Luciano Stremel Barros, reforçou a relação entre segurança e crescimento econômico. "O desenvolvimento é o grande antídoto para as problemáticas de fronteira. Itaipu é o maior exemplo de integração transfronteiriça do nosso território".
Itaipu compõe estratégia de enfrentamento ao crime na fronteira
O diretor-geral brasileiro da Itaipu Binacional, Enio Verri, enfatizou o papel estratégico da empresa na região. "A Itaipu está no coração da Tríplice Fronteira, uma área sensível para a segurança nacional", disse. A empresa destaca o investimento de mais de R$ 130 milhões em equipamentos para forças de segurança e R$ 10 milhões em políticas sociais, como a Casa da Mulher Brasileira, para o que considera como estratégia para enfrentar desigualdades e proteger vítimas de violência.
A programação do fórum voltado à repressão do crime na fronteira inclui mesas temáticas voltadas à elaboração da Estratégia Nacional de Fronteiras, financiamento para segurança pública, tráfico transnacional e a rota caipira — seria o caminho entre países produtores de droga e grandes centros de consumo de entorpecente.
A promessa é que, a partir do fórum, resultem medidas para reduzir vulnerabilidades e aumentar a cooperação entre os países do arco Sul-Sudeste, com foco na implementação de políticas que combinem repressão qualificada ao crime com oportunidades de desenvolvimento para as populações fronteiriças.
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